Temer e seu rictus
Veja a seguir resposta ao acusado por corrupção e de ser "chefe do quadrilhão".
Os membros do MPF não agem em perseguição a outrem e atentam-se apenas ao cumprimento de sua missão institucional
Brasília, 03/10/2017 - A Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR) vem a público repudiar, da forma mais
veemente, as declarações feitas pelo presidente da República, Michel
Temer, no microblog Twitter, na manhã de hoje, 3, atacando a denúncia
que sofreu e o trabalho da Procuradoria-Geral da República e do ex- PGR
Rodrigo Janot.
O cidadão Michel Temer foi denunciado pelo MPF, desta vez, pelo
cometimento dos crimes de organização criminosa e de obstrução de
Justiça. Já enfrentava antes denúncia por corrupção passiva, que seguirá
seu curso, após o cumprimento do mandato presidencial, por decisão
soberana da Câmara dos Deputados. É natural, neste diapasão, que exerça o
acusado sua autodefesa e se declare inocente. Normal e corriqueiro.
O Presidente da República Michel Temer, todavia, tem por uma das
obrigações constitucionais maiores zelar pelo funcionamento das
instituições, o que sempre fez, razão pela qual surpreende e é
absolutamente incabível e irresponsável que use agora meios oficiais
para ofender sem qualquer base a instituição do Ministério Público
Federal. É Sua Excelência Michel Temer quem responde à acusação –
lastrada em numerosas provas de fatos concretos - de pertencer à
organização criminosa. Os membros do MPF – ofendidos de forma
generalizada pela mensagem do Presidente, como se fosse esta instituição
da República e seus componentes a quadrilha –, ao oposto, fizeram mais
uma vez um trabalho técnico, impessoal e isento.
O PGR Rodrigo Janot era o promotor natural ao tempo dos fatos. Agiu,
portanto, pela instituição MPF. As denúncias feita pelo então
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel
Temer, baseiam-se em extenso trabalho de investigação de órgãos do
Estado, e citam sólido rol de provas. Serão apreciadas, cedo ou tarde,
pelo Poder Judiciário, como previsto em lei, e o país acompanhará os
resultados. A imensa maioria senão todas as imputações feitas por
Rodrigo Janot enquanto PGR, bom lembrar, foram aceitas e prosseguem no
Poder Judiciário.
Os membros do Ministério Público Federal não agem em perseguição a
outrem e atentam-se apenas ao cumprimento de sua missão institucional.
Assim agiu o então PGR Rodrigo Janot e equipe.
Os procuradores da República não se intimidarão. O trabalho dos
membros do MPF em defesa do estado democrático de Direito prosseguirá
sempre, de forma serena e firme, sem temer ninguém e sem olhar a quem.
Esta, sim, é a verdadeira contribuição a ser dada ao País por todas as
autoridades públicas.
Procurador Regional da República
Presidente da ANPR