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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Servidores de carreira da CLDF denunciam extorsão para manter chefias

Sexta, 20 de outubro de 2017
Servidores de carreira da CLDF denunciam extorsão para manter chefias
Funcionários da Casa ouvidos pelo Metrópoles disseram que ex-secretário do órgão era o responsável pelos achaques. MPDFT investiga o caso.

Por Saulo Araújo-Metrópoles
e Portal ContextoExato
 
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga um suposto esquema em que servidores de carreira da Câmara Legislativa seriam obrigados a pagar propina para manter funções de chefia na Casa.



Em 10 de outubro, o titular da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), Alexandre Fernandes Gonçalves, instaurou inquérito civil público para apurar as denúncias.


Servidores da CLDF ouvidos pelo Metrópoles contaram que o suborno variava entre 25% e 30% sobre as gratificações inerentes às funções comissionadas ocupadas pelos encarregados de diversos setores.


Os que se recusavam a contribuir com a “caixinha” sofriam retaliações e eram exonerados. Um servidor de carreira da Casa detalhou à reportagem como funcionava a negociata. Segundo ele, o ex-secretário da Terceira Secretaria da Casa Alexandre Braga Cerqueira era o responsável por recolher os subornos entre 2014 e 2016.

“Consegui me manter por três anos como chefe de um setor e sofri todo tipo de pressão do Alexandre, pois eu me recusava a pagar. Em 2015, ele finalmente conseguiu me exonerar”, contou o homem, que preferiu não revelar a identidade.


Alexandre Cerqueira teve o nome envolvido na Operação Drácon


Emissário da propina

Em agosto do ano passado, Alexandre Cerqueira foi afastado do cargo por envolvimento na Operação Drácon. O ex-assessor ligado ao deputado Bispo Renato Andrade (PR) foi apontado por testemunhas como emissário de um suposto esquema de propina envolvendo seis deputados distritais.


Também próximo ao ex-deputado Aylton Gomes, réu na Caixa de Pandora, Cerqueira – que não é servidor de carreira – recebia R$ 17 mil para ocupar a chefia de uma das secretarias mais importantes da CLDF.


Outro servidor de carreira da Câmara Legislativa disse que o percentual repassado a Alexandre Cerqueira tinha até nome: “Rachide”. “Não cheguei a ocupar função de chefia, mas conheço colegas que pagavam o ‘rachide’ para manter os postos de liderança”, contou.


Segundo apurou o Metrópoles, 14 pessoas que trabalham na Casa foram ouvidas na Prodep. A assessoria de imprensa do MPDFT informou que o promotor Alexandre Fernandes está de férias e não falaria sobre o caso neste momento. A reportagem ligou para dois telefones de Alexandre Cerqueira, mas ele não atendeu.


O secretário-geral da CLDF, André Luiz Perez, demonstrou surpresa com os fatos revelados, mas destacou que, se houver notificação por parte da Prodep, encaminhará o caso para análise da Procuraria-Geral da Casa. “Não acredito que servidores efetivos se prestariam a esse tipo de papel, mas se formos provocados pelo Ministério Público, vamos contribuir com todo tipo de informação”, salientou.