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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Cinco homens invadem e quebram terreiro de Umbanda em Mário Campos (MG); Os santos perseguidos

Quinta, 2 de novembro de 2017

Cinco homens invadem e quebram terreiro de Umbanda em Mário Campos (MG)
Agressores ameaçaram ocupantes com armas e destruíram símbolos religiosos


Por Raíssa Lopes - Brasil de Fato / Foto: Obvious Lounges
e Portal ContextoExato


Mais um caso grave de intolerância religiosa aconteceu na última semana, desta vez contra um terreiro de Umbanda que atende os municípios de São Joaquim de Bicas e Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG).

De acordo com os relatos das vítimas – que terão suas identidades preservadas na reportagem –, na terça-feira (24), cinco homens armados, entre eles um policial aposentado, teriam invadido uma propriedade na cidade de Mário Campos, onde estão localizados uma residência particular, um lar social e o terreiro “Casa Espírita Império dos Orixás de Nossa Senhora da Conceição e São Jorge Guerreiro”.

Lá, eles teriam ofendido e ameaçado os ocupantes, assim como destruído objetos que fazem parte dos cultos religiosos de matriz africana. Não satisfeitos, eles teriam retornado ao local na quarta-feira (25) e também nesta segunda (30) para acabar com o que restava do lugar.

Quem detalha a situação é Makota Celinha, diretora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab), que é quem está auxiliando as pessoas atingidas e quem pressiona as autoridades para que o caso seja tratado de forma eficiente.

“Eles chamaram a polícia, mas nada foi feito. Pelo contrário, os policiais orientaram as vítimas para que não mexessem com ‘homens perigosos e poderosos’. Os agressores gritavam dizendo que naquela região não ia ter mais macumbeiro e que começariam a construção de uma igreja protestante”, conta Makota.

De acordo com ela, os moradores estão amedrontados e por receio não retornaram à casa. “A situação é muito difícil, a gente não tem mais segurança nenhuma. O Estado é omisso, e como acreditar na polícia e na Justiça?”, questiona.

A denúncia foi formalizada na Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) de Minas Gerais. Segundo a subsecretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Cleide Hilda, os fatos já estão sendo analisados pela ouvidoria.
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