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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Ex-premier do Qatar revela como os EUA e aliados incentivaram a guerra na Síria

Quarta, 1º de novembro de 2017
Da Tribuna da Internet
Resultado de imagem para primeiro-ministro Hamad bin Jassim bin Jaber al-Thani 
Tyler Durden Zero Hedge

Uma entrevista de um alto funcionário do Qatar, confessando a verdade por trás das origens da guerra na Síria, viralizou nas mídias sociais no mundo árabe, na mesma semana em que foi publicado documento top secret da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que vazou e que confirma que a oposição armada na Síria sempre esteve sob comando direto de governos estrangeiros, desde os primeiros anos do conflito.


A entrevista explosiva está sendo vista como “admissão em alto nível, feita publicamente, da união e coordenação entre quatro países para desestabilizar um estado independente e que inclui possível apoio ao Estado Islâmico, através da Nusra/al-Qaeda”. Importante a considerar que “essa admissão ajudará a comprovar o que Damasco vê como ataque à sua soberania e segurança nacional. Ela servirá de base a processo legal em busca de reparações.”

COMPLÔ ANTI-SÍRIACom a guerra na Síria entrando na fase de conclusão, parece que novas fontes começam a falar quase que semanalmente, sob a forma de testemunho dos mais altos funcionários envolvidos na operação para desestabilizar a Síria, e também sob a forma de e-mails e documentos oficiais que vazam e que detalham as operações clandestinas para mudar o regime da Síria do presidente Assad.

Por mais que muitos desses documentos ajudem a confirmar o que já se sabia há muito tempo, muitos detalhes continuam a se encaixar, o que dará a historiadores futuros quadro muito mais claro da verdadeira natureza dessa guerra.

Esse processo de esclarecimento está sendo acelerado – como já previsto – pela luta interna cada vez mais furiosa entre Arábia Saudita e Qatar, ex-aliados no Conselho de Cooperação do Golfo, com cada lado acusando o outro de financiar os terroristas do Estado Islâmico e da al-Qaeda (ambos dizem a verdade, por irônico que pareça).

ROUPA SUJA…Cada vez mais o mundo assiste a mais e mais lavagem de roupa suja na praça, ao mesmo tempo em que o Conselho de Cooperação do Golfo implode, depois de anos durante os quais praticamente todas as monarquias do golfo financiaram movimentos de jihadistas em pontos como Síria, Iraque e Líbia.

Desta vez, o alto funcionário do Qatar é ninguém menos que o ex-primeiro-ministro Hamad bin Jassim bin Jaber al-Thani, que supervisionou as operações na Síria como representante do Qatar até 2013, também como ministro de Relações Exteriores, nessa foto de 2010. (Só para lembrar, o comitê da Copa do Mundo de 2022 no Qatar doou 500 mil dólares à Fundação Clinton em 2014).

Numa entrevista à TV do Qatar na 4ª-feira, bin Jaber al-Thani revelou que seu país, ao lado de Arábia Saudita, Turquia e os EUA sempre enviaram armas a jihadistas, desde “o primeiro momento” quando os eventos começaram (em 2011).

“CAÇAR A PRESA”Al-Thani até descreveu a operação clandestina como “caçar a presa” – por esporte. Embora Thani tenha negado acusações críveis e bem fundamentadas de apoio ao Estado Islâmico, as palavras do ex-primeiro-ministro implicam apoio direto do Golfo e dos EUA à al-Qaeda na Síria (também chamada Frente al-Nusra) desde os primeiros anos da guerra, e chega até a dizer que o Qatar tem “documentação completa” e registros que provam que a guerra foi planejada para fazer a mudança de regime.

Nos termos da tradução de “Zero Hedge”, al-Thani disse, ao reconhecer que nações do Golfo armavam jihadistas na Síria com aprovação e apoio de EUA e Turquia:

Já não resta qualquer dúvida sobre o que se passava, e menos dúvidas haverá doravante também sobre outros eventos, à medida que mais e mais documentação, tão válida, clara e precisa quanto terrível, continue e pingar, gota a gota, ao longo dos próximos meses e anos. (artigo enviado por Sergio Caldieri)
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