Quarta, 15 de novembro de 2017
O eleitorado de Brasília tende a rejeitar os extremos, em favor de alguém centrado.
Do Portal ContextoExato
Por Hélio Doyle
A pesquisa reservada realizada em Brasília nos primeiros dias deste mês
tem margem de erro elevada (3,5%), mas reforça algumas constatações e
tendências, obtidas em outras pesquisas quantitativas e em qualitativas,
a respeito da eleição para governador em 2018:
Apesar da alta reprovação de seu governo e de seu desempenho pessoal, e
da elevada rejeição dos eleitores, o governador Rodrigo Rollemberg é
forte candidato à reeleição se os candidatos, mesmo com alteração de
nomes do PSol e do PT, forem os listados pelos pesquisadores. O que mais
o ameaça é Jofran Frejat, mas o grande risco que Rollemberg e Frejat
correm é o de surgir um candidato com o perfil desejado pelos eleitores:
limpo, honesto, centrado, com experiência de gestão, capacidade de
articulação e atitude e coragem para enfrentar os graves problemas de
Brasília. Rollemberg, na visão dos eleitores, atende apenas aos dois
primeiros requisitos: é limpo e honesto. Frejat, embora tenha vários
processos por improbidade administrativa, é considerado honesto e tem
imagem de bom gestor, mas pesam contra ele a percepção de ser vinculado a
Arruda e Roriz — aos quais deveria obediência — e a idade.
A diferença entre os que aprovam o governador e seu governo (12,8%) e
os que manifestam intenção de votar em Rollemberg (15,3%) é pequena, mas
pode aumentar devido à sua imagem de honestidade, especialmente se
Frejat não for candidato a governador. Grande parcela da população
critica a gestão de Rollemberg, mas prefere o “não rouba e faz pouco” ao
“rouba muito, mas faz”. Sem alternativas que considera limpas, votará
pela continuidade.
Os demais candidatos não são necessariamente desonestos, mas precisam
também parecer honestos. Por mais limpo que seja o ainda desconhecido
candidato do PT, pesarão contra ele as acusações de corrupção a
integrantes do partido e em especial ao ex-presidente Lula. Ibaneis
Rocha, ex-presidente da OAB-DF, queimou sua imagem de outsider ao se
filiar ao PMDB, liderado pelo ex-vice-governador Tadeu Filippelli,
acusado de diversas irregularidades e preso recentemente em operação da
Polícia Federal. Joe Valle é o presidente da desgastada e desacreditada
Câmara Legislativa, e tido por muitos como protetor de distritais
corruptos que mantêm seus mandatos.
Reguffe, em todas as pesquisas, é o mais votado para governador. Não
está entre os listados porque reiteradamente declara que não será
candidato — e não será mesmo –, e isso fez com que tivesse poucas
intenções espontâneas, pois grande parte do eleitorado já sabe que não
disputará as eleições. É, porém, o mais importante cabo eleitoral de
Brasília. Quem tiver o seu apoio, sai com vantagem. Mas Reguffe não
demonstra simpatia por nenhum dos nomes já lançados.
Os considerados maus governos de Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg —
e, para muitos, também o de Cristovam Buarque — praticamente
inviabilizam em Brasília a eleição de um candidato identificado com a
esquerda, ou com perfil parecido ao de Agnelo e Rollemberg. Há a
percepção, em boa parcela do eleitorado, de que a esquerda não sabe
governar. Esse é mais um fator desfavorável a Joe Valle, que foi do PSB e
é do PDT, tendo participado dos governos de Agnelo e de Rollemberg.
O PSol herda boa parte dos votos que iam para o PT, mas seu discurso
extremamente esquerdista o coloca como partido de oposição, não como
partido capaz de exercer o governo.
Alberto Fraga, com seu discurso conservador e de direita, tem muitos
eleitores, suficientes para se eleger senador, mas é muito difícil que
consiga maioria absoluta para ganhar a eleição para governador em
segundo turno. O apoio de Jair Bolsonaro só reforçará isso. O eleitorado
de Brasília tende a rejeitar os extremos, em favor de alguém centrado.
Em suma: o quadro para governador continua indefinido e o cenário de
hoje pode mudar em função de fatos novos que surjam — e têm surgido a
cada dia — e de quem serão realmente os candidatos, pois alguns dos hoje
cotados poderão se lançar a outros cargos e não se deve descartar o
lançamento de nomes novos e inesperados. Ou até que Rollemberg e Frejat
não sejam candidatos. O quadro para a eleição presidencial também está
indefinido e certamente terá influência em Brasília. Só depois de abril,
quando já terá terminado o prazo para filiação partidária, é que as
coisas ficarão mais nítidas.