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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O SUS agoniza, mas pode ser salvo

Quinta, 14 de dezembro de 2017
A nossa outrora rede pública do SUS vem desaparecendo gradativamente.

Por MARIA JOSÉ MANINHA - Estação da Notícia / Foto: conasems.org.br

Maria José Maninha (*)
O Distrito Federal, desde a sua fundação com os seus

hospitais regionais e centros de saúde, primou por um sistema de saúde público e de boa qualidade. Passamos por inúmeras crises em vários governos, e também por experiências exitosas como a implantação do programa de atendimento à saúde da família, chamado Saúde em Casa.

Esse programa foi implantado em fins dos anos 90 em todo o Distrito Federal, na área urbana e rural, com suas equipes multiprofissionais voltadas para o atendimento preventivo. Com isso, os hospitais tiveram uma drástica redução da procura através dos Pronto Socorros, porque o programa chegava aos moradores da zona rural, de cada quadra e cada cidade, com resolutividade e confiabilidade.

Porém, numa canetada, o programa foi extinto, fruto da incapacidade do gestor público de entender que política pública que dá certo, deve ter continuidade, independente de quem governa.

Passamos por várias crises, com greves de servidores, desabastecimento, sucateamento, denúncias graves de corrupção no setor, etc., mas nenhuma delas parecida ou igual a que vivemos na atualidade.

A rede pública suplanta, de longe, o setor privado. Este deve ser complementar, porém, a crise tem colocado a classe média e até segmentos populares, correndo para os planos de saúde diante do agravamento do atendimento no setor público.

Não é exagero dizer que estamos vivendo o caos. Faltam profissionais, o desabastecimento de medicamentos e equipamentos é constante, sucateamento tecnológico, dentre outros graves problemas.

A nossa outrora rede pública do SUS, vem desaparecendo gradativamente. Sobram propostas privatizantes, factoides jogados à população como soluções mágicas, como é o caso do Instituto Hospital de Base.

Por que tudo isso? Não faltam recursos financeiros, pois além da grande ajuda do governo federal com o pagamento da folha dos servidores da saúde, tem ainda o Fundo Constitucional, além do aumento da arrecadação de impostos do GDF, tão alardeado pelo atual governo.

Falta, na verdade, a formulação de uma política de saúde, com a inversão desse modelo centrado em hospitais, para um modelo de implantação de uma rede em todo o Distrito Federal de ações básicas de saúde. O que estamos falando não é a descoberta da roda.

Em várias partes do mundo, onde o povo tem qualidade na assistência à saúde, esse foi o modelo implantado. Países como Canadá e Cuba são referências como modelos de organização de serviços de saúde.

O SUS agoniza no Brasil, mas ainda temos tempo para salvá-lo. Mobilização popular, valorização dos servidores, combate permanente à corrupção, são alguns dos remédios para salvar nosso sistema público de saúde!

(*) Maria José Maninha é do PSOL-DF e ex-deputada federal