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(Millôr Fernandes)

sábado, 30 de dezembro de 2017

Última sexta do ano foi de orações e muita fé no Bonfim, Salvador, Bahia

Sábado, 30 de dezembro de 2017
Da Tribuna da Bahia

Foto: Romildo de Jesus


Por Jordânia Freitas
Um dia de agradecimentos. Como manda a tradição, o verbo agradecer imperou ontem, na Basílica Santuário do Bonfim, em Salvador. Na última sexta-feira do ano, católicos e adeptos do candomblé subiram a Colina Sagrada para agradecer ao Senhor do Bonfim e Oxalá - seu equivalente no sincretismo religioso - pelas graças alcançadas em 2017 e também fazer pedidos para o ano novo.
 Embalados por cânticos, uma multidão de baianos e turistas vestidos de branco amarrava as famosas fitinhas do Bonfim na grade do adro da basílica. Mas o espaço não estava sendo tão disputado como anteriormente porque, este ano, os fiéis também puderam fixar as fitas no andor de madeira que sustenta a imagem do santo.  
O andor, exposto em uma tenda do lado externo do templo religioso, ficou  cercado por fiéis. No mesmo local também estavam sendo celebradas missas. Ao todo, 14 ritos  litúrgicos foram realizados ao longo do dia. A primeira missa começou antes do sol nascer, às 5h da manhã.  
Partiu do padre Edson Menezes, reitor da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, a iniciativa de amarrar as fitas no andor. Em sua opinião, o novo espaço não compete com o tradicional. É uma maneira que encontrou de valorizar Ainda mais o gesto de fé. 
Menezes acredita que o ato de dar três nós na fita é muito significativo e representa uma expressão de confiança em Deus e da religiosidade popular.  “É mais um espaço, uma possibilidade. Eu sempre tenho uma expectativa positiva, porque acredito na manifestação de fé do povo”, disse.
Agradecer
Emocionada, Márcia Rodrigues, 55 anos, amarrava as fitas no gradil frontal da igreja do Bonfim. A comerciante é devota do santo há mais de 10 anos e toda última sexta-feira do ano repete o ritual. “Esse ano foi muito difícil para mim, porque eu fiquei viúva faz pouco tempo. Ele gostava de estar aqui sempre. A última vez que viemos juntos tem seis meses”, revelou com voz embargada.
 Apesar da dor da saudade, dona Márcia disse que não fez nenhum pedido para Senhor do Bonfim. “Eu tenho certeza que 2018 para mim será um ano de vitórias. Mas, mesmo assim, com essas dificuldades, eu tô feliz e só tenho a agradecer”, afirmou. 
O sentimento de gratidão também tomava conta da assistente farmacêutica Cristiane Santos, 39 anos. Com o rosto molhado com água benta ali mesmo na escadaria, ela disse que teve muitas conquistas esse ano, dentre elas um emprego e a união da família. Mas também teve espaço para fazer pedidos. “Muita paz e amor no coração de todos”, disse. 
Turistas de vários estados do Brasil e também de outros países acompanharam o ritual com entusiasmo e curiosidade. O argentino Nicolas Alejandro, 27 anos, foi um deles. 
Pela primeira vez no Brasil, o vendedor que vive em Buenos Aires foi levado à Colina Sagrada pelas amigas baianas que ele conheceu em sua terra natal. “Muito bonito. Único no mundo”, avaliou.   
Esperança
Na leitura do reitor Edson Menezes, este foi um ano no qual o país passou por muitas dificuldades, mas que precisam ser superadas neste novo ciclo que se inicia. “A minha mensagem é uma mensagem de fé, esperança, confiança em Deus e na pessoa humana. A gente tem que resgatar nossa confiança no ser humano e no Brasil e agora é preciso pensar positivamente. Vamos superar!”.
Origem
Conforme o padre Edson Menezes, a origem da fitinha é de 1809. Surgiu quando um tesoureiro da Devoção do Senhor do Bonfim, à época, tirou a medida do braço da imagem. O foi adereço batizado inicialmente como   ‘Medida’, depois foi popularizado e ganhou o nome de fitinha.
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Do Gama Livre (Taciano): Bons tempos, quando ainda nos meus 11 anos (até uns 19) morei pertinho da Igreja de Oxalá!! E curtia não apenas a última sexta-feira de cada ano, mas também a Festa do Bonfim, que acontecia, e acontece, em janeiro, com a "lavagem" da igreja na segunda quinta-feira do primeiro mês do ano. E mesmo depois de ir morar juntinho ao mar de Amaralina próximo, portanto, a uma das moradas de Yemanjá, não perdia as festas de largo —como até hoje se chama—. Sim, eram festas e de  muito ritmo afro-baiano. Ou baiano-afro, que dá no mesmo, pois o importante é que o batuque é irresistível.

Axé, Meu Pai Senhor do Bonfim.!!! 

Axé, Oxalá!!!