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(Millôr Fernandes)

domingo, 7 de janeiro de 2018

Para articulista, candidatura de Lula "Alienará ainda mais a já siderada esquerda brasileiras"

Domingo, 7 de janeiro de 2018
Do Blogue Náufrago da Utopia
Por David Emanuel de Souza Coelho

Para ser direto e falar sem contorcionismos, defendo que Lula não apenas não tem o direito de se candidatar, como também que é seu dever não fazê-lo.

Para além da expressão de um personalismo oco, qual a contribuição de uma candidatura de Lula à luta dos trabalhadores? Nenhuma. A campanha de Lula se pautará nas reminiscências de uma época histórica superada, impossível de repetição. 

Eleito, o que Lula fará? Essencialmente, o mesmo que Temer, só que com o MST e a UNE. Buscará as mesmas alianças que levaram Dilma ao fracasso. 

Alimentará o ódio da extrema-direita duplamente: por meio do simbolismo de sua presença na presidência e mediante dinheiro e poder distribuídos a seus aliados fascistas no congresso e nos estados. 
 

Alienará ainda mais a já siderada esquerda brasileira, afastando os trabalhadores de seus ideais e os jogando no colo de figuras como Bolsonaro.

E tudo pra quê? Para satisfazer a máquina burocrática do petismo.

Caso Lula não tivesse destruído o PT, com seu personalismo bonapartista, poderia contar com outros nomes para concorrer e ele poderia recolher-se à sua pacata vida de aposentado. 

Mas, não satisfeito em ter arruinado o partido, agora quer dar o tiro de misericórdia, levando junto o resto da esquerda nacional e o país inteiro.
A mera presença de Lula na eleição já será um desserviço. A esquerda delirante pode vir com suas platitudes tipo Lula tem o direito a concorrer e os trabalhadores de não votarem nele, que são apenas atestados de rendição e impotência, mas é fato que a candidatura de Lula significará o obscurecimento de qualquer debate programático em prol da disputa de caricaturas políticas, pretensamente elevadas ao patamar de grandes totens históricos. 

Lula não tem absolutamente nada a oferecer e seria bom que se retirasse da cena em prol do surgimento de algo mais radical e autêntico, algo que não vise fazer banqueiros ganhar dinheiro como nunca dantes na história, mas que vise acabar, de vez, com a existência de bancos e banqueiros.