Do Blogue Náufrago da Utopia
Por David Emanuel de Souza Coelho |
Para
ser direto e falar sem contorcionismos, defendo que Lula não apenas não
tem o direito de se candidatar, como também que é seu dever não fazê-lo.
Para além da
expressão de um personalismo oco, qual a contribuição de uma candidatura
de Lula à luta dos trabalhadores? Nenhuma. A campanha de Lula se pautará nas reminiscências de uma época histórica superada, impossível de repetição.
Eleito, o que
Lula fará? Essencialmente, o mesmo que Temer, só que com o MST e a UNE.
Buscará as mesmas alianças que levaram Dilma ao fracasso.
Alimentará o
ódio da extrema-direita duplamente: por meio do simbolismo de sua
presença na presidência e mediante dinheiro e poder distribuídos a seus
aliados fascistas no congresso e nos estados.
Alienará ainda
mais a já siderada esquerda brasileira, afastando os trabalhadores de
seus ideais e os jogando no colo de figuras como Bolsonaro.
E tudo pra quê? Para satisfazer a máquina burocrática do petismo.
Caso Lula não
tivesse destruído o PT, com seu personalismo bonapartista, poderia
contar com outros nomes para concorrer e ele poderia recolher-se à sua
pacata vida de aposentado.
Mas, não
satisfeito em ter arruinado o partido, agora quer dar o tiro de
misericórdia, levando junto o resto da esquerda nacional e o país
inteiro.
A mera presença de Lula na eleição já será um desserviço. A esquerda delirante pode vir com suas platitudes tipo Lula tem o direito a concorrer e os trabalhadores de não votarem nele,
que são apenas atestados de rendição e impotência, mas é fato que a
candidatura de Lula significará o obscurecimento de qualquer debate
programático em prol da disputa de caricaturas políticas, pretensamente
elevadas ao patamar de grandes totens históricos.
Lula não tem
absolutamente nada a oferecer e seria bom que se retirasse da cena em
prol do surgimento de algo mais radical e autêntico, algo que não vise
fazer banqueiros ganhar dinheiro como nunca dantes na história, mas que vise acabar, de vez, com a existência de bancos e banqueiros.