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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Reforma da Previdência: prioridade, mistificação, retrocesso, intimidação

Quarta, 7 de fevereiro de 2018
Helio Fernandes

Por
Helio Fernandes
Temer assumiu em 12 de maio de 2017, apressadamente, assim que a conspiração parlamentar foi vitoriosa. Levou algum tempo, muito tempo, até desembocar naquele domingo de 23 de abril, inesquecível, vergonhoso, inenarrável.

Ficou um período como provisório, enquanto o senado concluía e ratificava a substituição inconstitucional. Já acertado o fim da Era Dilma, mesmo sem assumir os 3 palácios, Temer lançou as bases do seu governo. Em todas as falas, a Reforma da Previdência vinha em primeiro lugar, na frente  de tudo.
Traçou um quadro catastrófico da Previdência, mostrou que  sem a reforma, o país iria à falência. Nomeou um  especialista (?) que não saía da televisão, numa longa, diária e vazia dissertação. Insistiu no fantástico déficit da Previdência, dando números realmente assustadores. Só que era tudo facilmente destrutível. Que foi o que aconteceu.

Misturaram aposentadoria  com assistência social, despesas inúteis, corrupção, sonegação dos altos empresários e da própria  União. E  com isso, garantiram que seu governo acabaria com o déficit, a reforma da Previdência, salvaria o país. Mas o fracasso foi completo, as milhares de páginas foram jogadas no lixo, o show da televisão acabou.

(Sem falsa modéstia, o jornalista e advogado, José Carlos Werneck conhecedor profundo do assunto, demoliu tudo. Este repórter contribuiu com dados de 2 notáveis personagens  e amigos, Valdir Pires  e Rafael de Almeida Magalhães, que presidiram a Previdência por 6 anos. Forneceram dados irrefutáveis, provando que a Previdência jamais tivera déficit).

Temer, já acusadíssimo de corrupção ativa e passiva, seus cúmplices, asseclas e acólitos iniciaram duas campanhas. 1- Assustarem o país com o que rotulavam de aumento descontrolado do prejuízo irrecuperável da Previdência. 2- Contraditoriamente, foram cortando o que parecia fundamental no projeto da reforma. De tal maneira, para atender as exigências da base, que  a reforma, hoje, tem apenas 40% do projeto inicial. INDISPENSÁVEL, segundo o próprio presidente corrupto.

Durante todo esse tempo, não abandonei a luta por esclarecimento a respeito da votação. Foram adiando pelos mais diversos motivos, enquanto este repórter se fixava apenas num: até agora não conseguiram os 308 votos necessários  e indispensáveis para a aprovação. Nem conseguirão.

Natural e  compreensível esse descontrole provocou demissão de ministros. E mais grave: desentendimento entre Temer e Maia. Não chegaram  ao rompimento, Temer não tem coragem, Maia não tem interesse. Mas chegamos ao final do espetáculo, que começou como tragédia, caminha para terminar como dramalhão.

PS- Temer utilizou do retrocesso (que aprendeu com o ex-amigo FHC), da corrupção, da intimidação, não avançou um milímetro.