Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 24 de março de 2018

Racionamento para quem?

Sábado, 24 de março de 2018
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

A preservação dos solos úmidos, com a recuperação da cobertura vegetal, faz aflorar águas subterrâneas aumentando o volume nas nascentes. Mas o Ibram parece não estar preocupado com isso, desconsidera o relatório da Unesco e rejeita liminarmente a proposta de criação do Parque do Córrego do Mato Seco.

Por Chico Sant’Anna
Brasília foi palco de importantes eventos, o Fórum Mundial das Águas e, paralelamente, o Fórum Alternativo Mundial das Águas – Fama. Tema principal dos dois fóruns: garantir água para a humanidade como um todo. Água que já falta a muita gente, dentro e fora do Brasil. Um habitante do planeta, em cada três, não conta com água potável. No Brasil, país que detém 12% de toda a água doce do planeta, de 34 milhões a 40 milhões de pessoas não têm acesso à rede de abastecimento de água potável. Isto, sem considerar as regiões, como o Distrito Federal, onde o abastecimento é intermitente, já que vivem racionamento d’água.

Racionamento que prejudica mais os carentes, que não possuem caixa d’água em suas casas ou trabalho. Para os mais ricos, detentores de grandes reservatórios, o corte do abastecimento d’água um dia, por semana, não faz diferença.

Pequenas empresas, comércios e serviços que dependem d’água todos os dias também sofrem prejuízos com os cortes. Corte que não atinge ao centro do Poder. Mandatários instalados na Praça dos Três Poderes, que deveriam dar o exemplo à nação, não foram atingidos. Talvez se tivessem sido incluídos no racionamento, medidas mais eficazes também teriam surgido mais rapidamente.