Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Bolsonaro, Barbosa, Meirelles, disputam acirradamente no terceiro turno

Segunda, 23 de abril de 2018
Por
Helio Fernandes*
Inesperada e insensatamente, voltamos à Primeira República. Escolha presidencial em circuito fechado, um único partido, o Republicano,  que dominava tudo. Tomando posse como Ministro da Fazenda, Rui Barbosa pronunciou um libelo terrível sobre a situação brasileira. Textual: "A Revolução Industrial da Inglaterra (Manchester) já tem mais de 100 anos e o Brasil continua um país ESSENCIALMENTE AGRÍCOLA".
O recado era para os paulistas, os "barões do café", que enriqueciam cada vez mais, enquanto o país empobrecia. População pequena, mais de 80% de analfabetos, o povo não sabia de nada, nem deixavam que soubesse. Esse sistema ou regime durou até 1930. Rui Barbosa, sempre considerado o maior brasileiro vivo, foi candidato a presidente 4 vezes. Duas desistiu, em outras duas foi derrotado.

Entramos então na fase das ditaduras, intercaladas, uma de 15 anos, outra de 21. Penosa e desesperadamente, chegamos a 1989, a primeira eleição realmente direta. Era a chamada e tão esperada e esperançada redemocratização. Durou pouco. De impeachment em impeachment, chegamos ao fundo do poço, estamos mergulhados nele, na corrupção e na cumplicidade da usurpação.

Em 1989, 9 candidatos, o que havia de melhor. Agora, outra vez 9 candidatos, o que há de pior. Desses 9, nenhum preparado para exercer a presidência. Os 3 que citei no título, não ganham de jeito  algum. Se ganharem e governarem, será a catástrofe anunciada. Contraditoriamente são os que mais trabalham, direta e indiretamente.

Bolsonaro não é um candidato, é uma ameaça de ditadura. Vai governar autoritariamente. Se for eleito, tentará manter as instituições aparentemente funcionando, mas dominadas drasticamente por ele. Se não conseguir, instalará mais uma ditadura, que é representada pelo seu perfil atrabiliário. Eleição com um tipo como Bolsonaro candidato, é uma vergonha.

Joaquim Barbosa é candidato dele mesmo, desde o inicio. Mas com sua formação, de preguiçoso, negligente, que não gosta de trabalhar, foi tergiversando , se escondendo, fingindo, o que faz de melhor. A  partir da semana passada, apareceu em público com afirmações casuísticas, que citarei sem aspas, foram publicas.

Não sou candidato, AINDA.

Não consigo me convencer que devo ser candidato.

Tenta se filiar ao Partido da Justiça, o que é isso?

Conversa com representantes do PSB, diz que não se entende com o Partido Socialista. Mas o PSB também não se encontrou com o socialismo.

Joaquim é candidatissimo, sem programa e  sem futuro.

E finalmente, o corrupto e incompetente Meirelles. Espalha que será "eleito pelo mercado". Precisa explicar os 180 milhões que recebeu dos bandidos Batista, quando comandou o Conselho da empresa roubalheira.

PS- Isto é apenas o inicio da análise.

O INSUBSTITUÍVEL PEDRO PARENTE

De insignificante e participante do  comprometido e corrupto  governo FHC, subitamente, passou a acumular cargos importantes. No governo e fora dele. 18 anos depois de participar do retrocesso de 80 anos em 8 de FHC, foi indicado por ele para presidente da Petrobras. Não tinha credenciais, competência e conhecimento do setor. Mas foi logo nomeado.

Ninguém  sabia que ocupava o cargo de Chefe do conselho de Administração da Bovespa. Contou a Temer, pediu que queria manter o cargo na Bovespa, acumulando, uma visível quebra de ética. O presidente corrupto e usurpador aceitou. Fui o único a reprovar a concordância inédita, os cargos tem visíveis ligações comprometedoras.

Agora, o tumultuado empresário que é Abílio Diniz, convidou Parente para assumir o comando do importante Conselho da sua empresa. Parente aceitou logo, falta à ratificação. Diniz é empresário importante, mas só sabe trabalhar em guerra. E agora, além do grupo francês, começa a ser combatido ferreamente pelos mais poderosos Fundos de Pensão.

O que Abílio  quer de Parente: que seja o negociador de um grande acordo. Isso pressupõe concessões e lá se vai mais uma vez a ética. É ilegal, ilegítima, inaceitável. E um fato que precisa de explicação.

Como é que Parente encontra ou encontrará  tempo, para ocupar os 3 cargos, em lugares inteiramente diferentes, e que exigem sua presença e participação?

PS1 - Parente já colocou a Petrobras, na  Comissão de Desestatização. Criada por FHC.

PS2 - Tenho insistido. Como essa Comissão praticou crimes de lesa - pátria, eles não PRESCREVEM.

* Do Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa
Matéria pode ser republicada com citação do autor