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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de abril de 2018

Manifestantes contra o caos na UnB invadem prédio do Fundo Nacional de Educação

Terça, 10 de abril
Do Metrópoles
Cerca de 100 pessoas ocuparam edifício, no Setor Bancário Sul, instantes depois de um embate com a tropa de choque na Esplanada

MICHAEL MELO/METRÓPOLES
Bruno Medeiros  Saulo Araújo

Os manifestantes que se concentravam em frente ao Ministério da Educação para cobrar liberação de recursos para a Universidade de Brasília (UnB) se dispersaram pelo centro de Brasília. Por volta das 15h, um grupo invadiu a sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no Setor Bancário Sul.

Vigilantes do edifício ainda tentaram evitar a entrada, mas não conseguiram segurar as cerca de 50 pessoas. Assim como na Esplanada dos Ministérios, houve confronto, mas dessa vez com os seguranças privados. Com gritos de ordem, eles subiram as escadas e chegaram ao anexo da unidade. Eles se dirigiram para o FNDE depois de entrarem em confronto com a Polícia Militar em frente ao MEC.

Para dispersar uma ala mais radical, a tropa de choque usou spray de pimenta e bombas de efeito moral. Como resposta, foram atacados com pedradas, pauladas e sinalizadores. Três pessoas acabaram presas por infrações como desacato, dano ao patrimônio e pichação. Elas foram conduzidas à 5ª Delegacia de Polícia (área central).

Integrantes da diretoria do FNDE se reúnem com os manifestantes e negociam uma desocupação. Quem conduz o debate é o chefe de gabinete do Fundo, Rogério Fernando Lot. Enquanto isso, homens da PMDF se posicionam na entrada principal do prédio. Os integrantes da mobilização dizem que só vão deixar o espaço após o governo federal liberar recursos para tirar a UnB da pior crise financeira de sua história. Após sucessivos cortes nos repasses federais, a instituição de ensino passou a acumular um rombo de R$ 92 milhões.

Também condicionam a desocupação à presença de um assessor do ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, à liberação de recursos para população indígena e que não haja represálias judiciais por conta da ocupação.

Em entrevista durante a cerimônia de posse dos novos ministros da gestão de Michel Temer, Rossieli rechaçou que a União tenha desassistido a UnB. “Na verdade, a universidade teve um aumento de orçamento este ano. Todo orçamento planejado para a UnB está garantido. Inclusive, o ministério já disponibilizou 60% do orçamento de custeio para este ano. Portanto, dentro daquilo que foi programado, o ministério está cumprido tudo”, rebateu.

Reitoria
Embora tenha declarado apoio ao ato organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Reitoria da UnB disse não ter se envolvido diretamente na organização do ato. “A manifestação cumpriu os objetivos legais e de natureza política e corporativa. A postura da administração foi de não se envolver na organização e muito menos na manifestação. O que soube (das agressões) foi por vocês da imprensa. Quem teria começado, não posso afirmar”, disse Paulo Cesar Marques, chefe de gabinete da Reitoria da UnB.

Conflito no MEC
A mobilização foi feita para cobrar da pasta a liberação de recursos para tirar a UnB de sua pior crise financeira. Por volta das 11h40 desta terça-feira (10), um grupo atirou paus, pedras e sinalizadores nos oito PMs que faziam a segurança do prédio. A tropa, formada por praças do 6º Batalhão, reagiu lançando gás de pimenta e bombas de efeito moral contra a multidão. Segundo a corporação, cerca de 500 pessoas participaram desse ato.

Logo em seguida, os manifestantes fecharam as vias N1  e S1 e quebraram vidraças do MEC. Algumas paredes também foram pichadas. Uma ala mais pacífica repeliu a agressividade dos colegas mais exaltados. Eles, inclusive, fizeram um cordão de isolamento em frente aos policiais. Do alto do carro de som, lideranças da mobilização criticavam os black blocks e exigiam calma. Os mascarados responderam com xingamentos e gestos obscenos. Diante do clima tenso, o comando da PMDF enviou ao local praças e oficiais da tropa de choque.

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Foto de autoria de Geraldo da Costa Júnior, jornalista. Recebida pelo Gama Livre via WhatsApp.