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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 5 de junho de 2018

Metade dos assassinatos no campo em 2017 foram chacinas

Terça, 5 de maio de 2018
Da
Agência Pulsar Brasil
(foto: reprodução)
(foto: reprodução)

Foram cinco os massacres decorrentes de conflitos por terra, água ou trabalho no campo. Dois deles, em Colniza, no Mato Grosso, e Pau D’Arco, no Pará, só não superaram o número de mortos do Massacre de Eldorado dos Carajás, que vitimou pelo menos 19 trabalhadores sem-terra em 1996. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou, nesta segunda-feira (4), a 33ª edição do relatório anual Conflitos no Campo Brasil, documento que apresenta balanço dos assassinatos ocorridos em decorrência de disputas políticas no Brasil rural. De acordo com o relatório, das 71 mortes registradas em 2017, 31 ocorreram em massacres; ou seja, 44 por cento das vítimas de conflitos políticos no campo foram assassinadas em chacinas.

Desde 1988 a pastoral não registrava, em um único ano, mais de dois massacres — caracterizados, pela metodologia do relatório, como assassinato de três ou mais pessoas em um conflito no mesmo dia.
A CPT pondera que não contabilizou o assassinato de pelo menos dez indígenas no Vale do Javari, no Amazonas, entre julho e agosto de 2017. Embora haja indícios de que as mortes se trataram de ainda mais um massacre, nem o Ministério Público Federal do Amazonas, nem a Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmaram a motivação das mortes.
De acordo com o relatório, o número de conflitos no campo teve uma pequena redução de 6,8 por cento no ano passado, caindo de mil 536 ocorrências em 2016 para mil 431, em 2017.
No entanto, as vítimas aumentaram. O registro de mortos em decorrência desses conflitos cresceu 16,4 por cento em relação ao ano anterior, de 61 pessoas assassinadas em 2016 para 71 em 2017. Foi a maior progressão de crimes políticos no campo desde 2003.
Desde que começou o monitoramento da CPT, os assassinatos em decorrência de conflitos no campo se concentram nos estados da Amazônia Legal. Pará e Rondônia lideram a lista dos locais mais violentos. Juntos, os estados são responsáveis por mais da metade dos assassinatos, quase 55 por cento do total. Em terceiro lugar, está o estado da Bahia, com dez mortos.
As tentativas de assassinatos também aumentaram em 2017, passando de 74 para 120 ocorrências – ou seja, uma tentativa a cada três dias.
Outro destaque do levantamento da CPT é o registro de 197 conflitos por água. Este é o maior número desde 2002, quando a pastoral passou a contabilizar separadamente estes casos. Em relação a 2016, os conflitos por recursos hídricos cresceram 14,5 por cento. Entre 2005 a 2014, a média anual foi de 73 ocorrências.
A íntegra do relatório anual Conflitos no Campo Brasil está disponível no site da CPT. (pulsar/brasil de fato)