Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A melhor mão de obra e A pátria impossível

Agosto 22
A melhor mão de obra
O sacerdote francês Jean-Baptiste Labat recomendava num de seus livros, publicados em 1742:
Os meninos africanos de dez a quinze anos são os melhores escravos para se levar para a América. Tem-se a vantagem de educá-los para que marquem o passo como melhor convenha aos seus amos. Os meninos esquecem com mais facilidade seu país natal e os vícios que lá reinam, se encarinham com seus amos e estão menos inclinados à rebelião que os negros mais velhos.
Esse piedoso missionários sabia do que falava. Nas ilhas francesas do mar do Caribe, Père Labat oferecia batismos, comunhões e confissões, e entre missa e missa vigiava suas propriedades. Ele era dono de terras e escravos.
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Agosto 23
A pátria impossível
Em 1791, outro amo de terras e escravos enviou uma carta do Haiti:
— Os negros são muito obedientes, e serão sempre — dizia.
A carta estava navegando rumo a Paris quando ocorreu o impossível: na noite de 22 para 23 de agosto, noite de tormenta, a maior insurreição de escravos da história da humanidade explodiu nas profundidades da selva haitiana. E esses negros muito obedientes humilharam o exército de Napoleão Bonaparte, que havia invadido a Europa de Madri a Moscou.
Eduardo Galeano, no livro Os filhos dos dias (Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM Editores, 2012, páginas 268 e 269.