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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

G1: 7 em cada 10 denúncias médicas envolvem Organizações Sociais de Saúde

Sexta, 24 de agosto de 2018
Do Ataque aos Cofres Públicos
Com fatos, exemplos concretos e divulgação de estudos temos mostrado nos últimos três anos que Organizações Sociais gerenciando serviços e unidades públicas aumentam em muito o nível de precarização nas contratações de força de trabalho e no cotidiano dos profissionais.
Reportagem do G1 desta quinta-feira (23), reafirma essas constatação que só os governos adeptos desse modelo de gestão insistem em fingir que não existe.
O portal teve acesso a dados do Sindicato dos Médicos e destaca de 7 em cada 10 denúncias que chegam à entidade envolvem profissionais que atuam no serviço público, só que vinculados a organizações sociais ou a empresas contratadas por essas OSs. Portanto, 70% dos problemas trabalhistas, incluindo falta de condições para atuação, envolvem terceirização e quarteirização dentro do serviço público de saúde.
Abaixo reproduzimos a íntegra da matéria em texto. Mas a reportagem também foi feita por meio de vídeo e veiculada no telejornal SPTV. Para ver acesse aqui
7 em cada 10 denúncias médicas em SP envolvem Organizações Sociais de Saúde, diz sindicato

Profissionais reclamam que entidades não pagam salários e unidades ficam sem materiais e insumos, afirma Sindicato dos Médicos de São Paulo.
Sete em cada dez denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo envolvem problemas com Organizações Sociais (OSs) que administram unidades públicas de saúde na cidade e no estado de São Paulo.
Nesta quinta-feira (23), duas associações do mesmo modelo assumiram hospitais em Guarulhos, na região metropolitana, que têm problemas recorrentes, informou o SP2.
As OSs operam unidades de saúde em municípios de todo o estado de São Paulo e são as campeãs de reclamações feitas pelos próprios médicos. Sete em cada dez denúncias que chegaram ao sindicato da categoria entre maio de 2017 e maio de 2018 envolveram as organizações sociais.
“Nós recebemos denúncias de falta de materiais e insumos para adequada prática da medicina e diversas denúncias que têm a ver com a relação de trabalho entre o médico e seu contratante, que são empresas terceirizadas a partir do poder público”, disse Gerson Salvador, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
Guarulhos
No município de Guarulhos, a prefeitura rompeu o contrato com a empresa Gerir, que administrava o Hospital Municipal de Urgência e o Hospital da Criança, por inconsistências no atendimento prestado à população.

“A parte técnica foi feita pela secretaria da saúde e eles avaliaram que essas duas organizações sociais têm expertise suficiente, além de já cuidar de equipamentos semelhantes”, disse Airton Trevisan, secretário da Justiça de Guarulhos.
As unidades passam a ser administradas por duas novas OSs de Saúde, a Santa Casa de Birigui e o Instituto de Desenvolvimento de Gestão, Tecnologia e Pesquisa em Saúde e Assistência Social.
O SP2 tem acompanhado a crise no Hospital de Urgências, mostrando problemas como falta de limpeza e de atendimento.
Nesta quinta, o desempregado João Antônio Ferreira Santos buscou a unidade de madrugada com suspeita de pedra nos rins e continuava sem atendimento no período da tarde. “Nem abriram ficha ainda. Passei na triagem e a menina falou que não tem médico”, disse.
Pacientes também relatam falta de material para cirurgia e sonda. “É um caso de calamidade mesmo. Não tem material e meu pai está fazendo xixi em uma garrafa de soro”, disse a dona de casa Amanda Romão Miranda.
O que dizem prefeitura e OSs
Em nota, a prefeitura de Guarulhos disse que o Hospital de Urgências atende com 14 médicos e tem remédios e insumos necessários. Sobre a falta de pagamento a médicos, a gestão disse que repassou o dinheiro para o Instituto Gerir, que administrava o hospital.

Em nota, o Instituto Gerir disse que o dinheiro recebido não foi suficiente para cobrir os custos e pediu rompimento de contrato por não suportar mais os prejuízos.
A Santa Casa de Birigui, nova gestora, diz que está fazendo uma avaliação para definir o que precisa ser feito.