Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Igualdade para as mulheres

Sexta, 31 de agosto de 2018
Por
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a democracia

Igualdade para as mulheres

Inspirado pela grandiosidade dos arranha céus de Chicago, sonhei , não sei porque, com os direitos das mulheres, talvez por ser aqui a terra de Barac Obama. Há dias, a Igreja Católica celebrou Santa Mônica, uma mulher especial que no século IV através de sua tenacidade e dedicação de mãe e mulher forjou o mais Santo dos Sábios e o mais Sábio dos Santos, Santo Agostinho. Mônica se impôs numa época em que as mulheres ainda eram invisíveis, e venceu pelo cuidado, pela dedicação de mãe e fortaleza de mulher.

Pensei nas milhares de mônicas que vivem pelas ruas das grandes cidades do Brasil cuidando de seus filhos, muitas delas, já os tendo perdidos, procuram desesperadamente resgatá-los. Muitas dessas crianças pelas suas condições sociais, raciais, condenadas desde que nascem ao preconceito e criminalização. Lembrei das mônicas que tiveram seus filhos assassinados nessa guerra da elite contra os pobres, presos como as māes ativistas do Projeto Moleque. Lembrei da māe de Marielle Franco condenada a viver sem sua filha, essa mulher do povo destinada a lutar pelos direitos de seu povo.
Recordei da Mônica Francisco, líder comunitária que tenta ser uma sombra de Marielle na vida política. Outras mulheres que como Mary Wollostonecraft gerou Mary Shelley, na Inglaterra de 1797, a qual ao criar o personagem de Frankenstein nos ensinou que até no feio podemos ver o belo e as qualidades que ali se encontram e que reagem para o bem quando cuidados e valorizados e para o mal quando ofendidos e discriminados. Frankenstein declarava, com a dor e a franqueza dos descriminados: “Meus vícios são produto de uma solidão forçada que abomino; minhas virtudes necessariamente aflorarão quando eu puder viver em comunhão com um igual”.

Nesses tempos de reflexão e de decisões temos a chance da mudança para não persistir no erro. Mulheres as quais tanto maltratamos com nossa violência e preconceito se apresentam para nos dar essa chance. No cenário nacional temos a figura que surgiu da selva com candura e aparente fragilidade, mas que tem mostrado que é uma vencedora, alfabetizando-se tardiamente, Marina da Silva mostra-se como um mulher forte e de personalidade.

Vindo do sul, de onde surgiram nossas principais e mais importantes lideranças políticas, Manuela D’ Avila com seu sorriso de menina e beleza enfrenta como ninguém o preconceito de ser mulher na política e se apresenta com suas ideias humanistas tão necessárias para a mudança de paradigmas. No Rio, surge uma mulher não política, filósofa, pensadora, professora e escritora, Marcia Tiburi, desafia a política tradicional que levou o Rio ao caos, oferecendo seu nome não em holocausto, mas para promover a mudança e a diferença no modo de compartilhar com o povo sua maneira de administrar uma cidade como o Rio de Janeiro.

Mulheres são poucas na política, mas muitas as eleitoras e muitas em aptidões, coragem e bem preparadas. Li no New York Times que no Partido Democrático as mulheres ja alcançam o percentual de 32%, enquanto no Partido Republicano são apenas 12%. Já é um avanço que precisamos perseguir no Brasil para poder dar um sinal de que essa desejada igualdade de gêneros na politica possa nos fazer melhores.

Fonte: Blog do Siro Darlan