Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 26 de agosto de 2018

Saúde e bem-estar 34: Para não comer V — Sal Refinado

Domingo, 26 de agosto de 2018
Por
Aldemario Araujo*


Rigorosamente, o título deste escrito deveria ser “PARA NÃO COMER - CLORETO DE SÓDIO”. Isso porque o sal refinado comumente vendido é quase que a simples reunião de cloreto e sódio. O verdadeiro sal, ou o alimento merecedor da designação de sal, deve conter uma quantidade considerável de nutrientes minerais. 

O sal, o verdadeiro sal, o sal de qualidade, é essencial para a vida. Eis alguns dos processos biológicos para os quais ele é fundamental: a) fornece os principais eletrólitos para o corpo (junto com o potássio); b) atua na regulação osmótica dos líquidos presentes nas células; c) participa na transmissão de impulsos nervosos; d) forma, no estômago, o ácido clorídrico (crucial para a digestão); e) atua na regulação do pH sanguíneo; f) auxilia o funcionamento do fígado e dos rins na eliminação de toxinas; g) ajuda no funcionamento do coração e dos músculos; h) colabora na hidratação do organismo e desempenha importante papel na absorção de aminoácidos e glicose e i) participa da regulação da temperatura do corpo. 

Atente para os seguintes fatos: a) o suor e as lágrimas são salgados; b) as células do organismo estão banhadas em água salgada e c) a composição mineral do sangue humano é basicamente igual à do mar. 

O sal adequado para ser consumido, em quantidade moderada, é aquele natural e não refinado. Nessa linha, podem ser usados: a) o sal marinho; b) flor de sal; c) sal integral e d) sal rosa do Himalaia. 

O sal rosa do Himalaia é uma das melhores opções. A cor rosa decorre da grande concentração de minerais. Esse sal foi formado quando as montanhas eram o leito do mar. Por não ser refinado, o sal rosa do Himalaia conserva mais de 80 elementos naturais necessários ao bom funcionamento do organismo. Em se tratando de sal rosa do Himalaia é preciso chamar atenção para todo tipo de fraude e falsificação envolvida. 

O sal processado ou refinado contém cerca de 97,5% de cloreto de sódio. O restante envolve a adição de agentes secantes. Essas substâncias químicas, como o ferrocianeto e o silicato de alumínio, são particularmente perigosas para a saúde. Os mais de 84 elementos presentes no sal marinho são eliminados do processamento industrial. São extraídos, entre outros: a) enxofre; b) bromo; c) magnésio e d) cálcio. Ademais, a “lavagem industrial” do sal ocasiona a perda de algas microscópicas que fixam o iodo natural. O iodeto de potássio, adicionado depois, predispõe o organismo a doenças, notadamente da tireoide (distintas do bócio). O iodeto para ser estabilizado reclama a adição de dextrose. A inconveniente cor roxa decorrente exige a adição de alvejantes como o carbonato de sódio (provocador de cálculos renais e biliares). Subsistem os riscos do sal processado: a) liquefazer e b) formar pedras. Esses problemas são contornados com o acréscimo de óxido de cálcio ou “cal de parede” (gera o aparecimento de pedras nos rins e na vesícula biliar). 

O sal vendido nos supermercados, depois do refino ou processamento, é um agradável pó branco, brilhante, “soltinho” e “inofensivo”. Longe dos olhos do consumidor estão presentes: a) antiumectantes; b) alvejantes; c) estabilizantes; d) conservantes e e) uma pobreza nutricional “invejável”. 

O sal, aqui entendido aquele refinado ou processado, é um dos temas de interesse e preocupação da Organização Mundial de Saúde (OMS). “(...) a OMS convocou todos os países de mundo para reduzir o consumo de sal para não mais do que 5 gramas diários por pessoa, e muitos países da Região, como Argentina, Brasil, Canadá e Chile, estabeleceram recentemente comissões nacionais ou ‘força-tarefa’ para atuar na redução da ingesta de sal na dieta./As dietas modernas típicas fornecem quantidades excessivas de sal, desde a infância até à idade adulta. Sabe-se que o consumo maior do que 5 gramas diários pela população aumenta a prevalência da pressão arterial alta. Esta por sua vez é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, como infartos, acidentes cérebro-vasculares, falência cardíaca e renal. Em muitos países das Américas, o consumo de sal é três vezes maior do que o recomendado./A adição de sal à mesa não é o único problema. A maior proporção do sal da dieta provém de alimentos processados ou elaborados em restaurantes, incluindo pães, carnes processadas, embutidos e cereais elaborados./(...) ‘Consumidores têm pequeno controle sobre os níveis de sal nos alimentos processados. Sua opção é apenas não consumir comidas processadas, mas isto é muito difícil em alguns casos. Trabalhando com as indústrias alimentícias para mudar suas práticas, nós podemos realmente mudar o consumo de sal ao nível populacional’./Participantes do Grupo de Especialistas reunidos mostraram que a redução do consumo de sal ao nível populacional é uma das medidas sanitárias de maior custo-efetividade e equidade para reduzir doenças crônicas” 
(https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=640:grupo-de-especialistas-recomenda-a-diminuicao-de-consumo-de-sal&Itemid=463).

Aldemario Araujo*

Professor, Advogado, Mestre em Direito e Procurador da Fazenda Nacional