segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Supremo errou totalmente ao votar a anistia. Absolveu torturadores, que são monstros, condenou o Exército, maioria esmagadora contra a ditadura. O DOI-CODI firmou jurisprudência?

Segunda, 3 de maio de 2010

do jornalista Hélio Fernandes na Tribuna da Imprensa:
Lamentável, melancólico, incoerente, desajeitado e principalmente inadequado, até mesmo sobre a data, o julgamento do Supremo, tido e havido como sendo sobre a anistia. Burla, desestímulo à democracia, e principalmente insensata, a reunião dos ministros começou com o equívoco na data do que tentou validar, ou melhor, impingir, como anistia.

Do princípio ao fim, a anistia que tentaram rotular de bilateral, foi uma tristeza, essa foi a palavra mais amável que consegui encontrar para identificar a forma e o conteúdo desse julgamento esdrúxulo, escabroso, excluindo com total desconhecimento da realidade, as posições de um lado e as convicções do outro.

É importantíssimo que se examinem as palavras POSIÇÕES e CONVICÇÕES, que usei deliberadamente. Os torturadores que “empolgaram” o Poder, tinham POSIÇÕES representadas e dominadoras pelo exercício total e cruel do Poder.

Os que tinham CONVICÇÕES, estavam visivelmente em minoria, fragilizados, enfrentavam os que tomaram o Poder arbitrária e atrabiliariamente, e portanto utilizavam todas as armas e o formidável aparelhamento do Poder. Dessa forma, não é nem disparatado considerar como monstros os que só queriam torturar, e reverenciar como HERÓIS os que pretendiam desbaratar e eliminar esse regime criminoso.

Além do mais, ministros do Supremo que examinaram e consideraram honrosa a “saída política”, que segundo eles, “permitiu a pacificação do País”, esqueceram  de um fato importantíssimo: as hostilidades foram iniciadas pelos que assaltaram o Poder, dominaram todas as armas, passaram a prender e a torturar desde o DIA 1º DE ABRIL, DATA HISTÓRICA MAS RENEGADA PELOS TORTURADORES, por causa do seu envolvimento histórico como o DIA DA MENTIRA.

Os que se envolveram na luta contra os torturadores, estavam apenas reagindo à violência. Atiraram depois, rigorosamente inferiorizados, minoria inacreditável, sabiam que não tinham a menor condição de saírem vitoriosos. Lutavam pela obrigação de lutar, resistiam porque resistir é sagrado, consagrado, o dever acima da própria vida.

Como os ministros falaram, MUITÍSSIMAS vezes, em ação penal, direito penal, condenação ou absolvição penal, é preciso refrescar a memória de todos: os que foram absurdamente chamados de GUERRILHEIROS e até de TERRORISTAS, agiram e reagiram em LEGÍTIMA DEFESA, lógico, da vida de cada um e do regime democrático e coletivo do próprio País.
Leia a coluna completa