Domingo, 17 de abril de 2011
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Um ato político na manhã de hoje na chamada Curva do S na
Rodovia PA-150, próxima à cidade de Marabá (sudeste do Pará), marca a
passagem dos 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando foram
mortos 19 trabalhadores sem terra e mais de 60 ficaram feridos e
mutilados, durante confronto com a Polícia Militar. Os trabalhadores
estavam acampados na rodovia à espera de um ônibus para fazer uma
manifestação na sede do município.Repórter da Agência Brasil
Participam do ato representantes da coordenação nacional do Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile e João Paulo
Rodrigues. A manifestação ocorre em meio ao Abril Vermelho, a primeira
manifestação do MST no governo da presidenta Dilma Rousseff, e chama a
atenção para a impunidade do crime.
Desde 2005, o coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria
Pereira de Oliveira, condenados pelo Tribunal de Justiça do Pará estão
em liberdade graças a um habeas corpus obtido no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os 142 policiais militares envolvidos na operação foram absolvidos da
condenação. O MST quer que os oficiais voltem ao cumprimento da pena e
os policiais absolvidos sejam submetidos a um novo juri. Uma ação do
MST, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pede a federalização do
crime. A entidade também apresentou denúncia na Organização dos Estados
Americanos (OEA) em razão da impunidade.
“Nos achamos que o tema da impunidade no campo é o que contribui para a
violência e dá legitimidade para que outras polícias, em outros
lugares, continuem atacando e matando trabalhadores rurais”, disse João
Paulo Rodrigues na última quinta-feira (14) em Brasília, antes de
participar do seminário na Câmara dos Deputados sobre o massacre.
O movimento fez esta semana cerca de 70 ocupações em mais de 20 estados
e levantou acampamentos em dez capitais. Segundo João Paulo, o MST não
quer violência nas manifestações do Abril Vermelho e abre negociação com
o governo em torno de uma agenda que este ano inclui, além de
intensificação da reforma agrária, a demanda ambiental como a reprovação
do projeto de novo Código Florestal.