quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Agnelo e as acusações de corrupção

Quinta, 4 de agosto de 2011
Ontem o tempo esquentou na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Oposição e situação se digladiaram ao discutirem as denúncias de corrupção publicadas na imprensa contra Agnelo Queiroz, o governador do DF.
 
Enquanto a oposição cobrava explicações do governador, que se mantém mudo sobre o assunto, fingindo que nada tem a ver com o publicado, deputados da base do governo saíram em socorro de Agnelo.
 

A revista “Veja” e o “Blog do Sombra”, além de outros blogs, publicaram acusações graves feitas por um ex-assessor da diretoria de um laboratório farmacêutico. Segundo Daniel Almeida Tavares, o ex-assessor, ele chegou a pagar propina para Agnelo Queiroz quando o atual governador do DF era diretor da Anvisa —Agência Nacional de Vigilância Sanitária— durante o governo Lula. Teria, inclusive, transferido eletronicamente dinheiro de sua conta para a de Agnelo.
 

Acusado de “chantagista” pelo governador, Daniel foi depois nomeado por Agnelo para ocupar cargo comissionado na estrutura do governo do DF. Descoberta a situação pelo jornalista blogueiro Edson Sombra, Daniel foi exonerado.
 
A não ser a declaração de que Daniel era um chantagista, Agnelo nada mais tem dito sobre o escândalo.
 
Enquanto distritais da oposição ameaçam apurar o caso, convocando pessoas para deporem inclusive na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Ética, Cidadania e Decoro Parlamentar, dois deputados da base de Agnelo saíram em defesa do governador.
 
Patrício (PT), presidente da CLDF, declarou que a crise da Caixa de Pandora foi gerada por investigações da Polícia Federal e Ministério Público Federal. Agora, diz ele, querem criar uma crise a partir de notas em jornais e revistas, desconhecendo, ou fingindo desconhecer, que a queda do presidente Collor começou com uma reportagem e, por coincidência, na mesma revista, a "Veja", que destampou as acusações de Daniel contra Agnelo.

Para o Cabo Patrício, os distritais não devem criar falsas crises, pois “não podemos estimular denuncismo”. Já para o distrital Chico Vigilante, também do PT, não há nenhuma crise de governabilidade, coisa que, na época de Collor, sua tropa de choque, à frente o deputado Roberto Jefferson, também trombeteava. E deu no que deu.
 
Que a CLDF não inicie uma investigação sobre as acusações ao governador Agnelo é até esperado. Mas querer negar que as acusações são gravíssimas não é possível.

Melhor faria Agnelo Queiroz se viesse a público dar explicações e declarar, por exemplo, que a tal transferência de R$10 mil da conta pessoal de Daniel Almeida Tavares para a sua não aconteceu. Que não passa de mentira do seu acusador.
 
O que não pode é continuar pairando sobre a cabeça do governador tão graves acusações. O silêncio nessas situações pega mal e coloca caraminholas na cabeça do cidadão/eleitor/contribuinte.

Veja a temperatura de ontem na CLDF