Segunda, 29 de agosto de 2011
Por José Luis Fiori, em Rumos do Brasil
“Venho hoje reafirmar uma das mais antigas, uma das
mais fortes alianças que o mundo já viu. Há muito é dito que os Estados
Unidos e a Grã Bretanha compartilham de uma relação especial” –
Presidente Barack Obama: “Discurso no Parlamento Britânico”, em
25/5/11.
Existe uma idéia generalizada de que a Geopolítica é uma “ciência
alemã”, quando na verdade ela não é nem uma ciência, nem muito menos
alemã. Ao contrário da Geografia Política, que é uma disciplina que
estuda as relações entre o espaço e a organização dos estados, a
Geopolítica é um conhecimento estratégico e normativo que avalia e
redesenha a própria geografia, a partir de algum projeto de poder
específico, defensivo ou expansivo. O “Oriente Médio”, por exemplo, não
é um fenômeno geográfico, é uma região criada e definida pela política
externa inglesa do século XIX, assim como o “Grande Médio Oriente”, é um
sub produto geográfico da “guerra global ao terrorismo”, do governo
Bush, do início do século XXI. Por outro lado, a associação incorreta,
da Geopolítica com a história da Alemanha, se deve a importância que as
idéias de Friederich Ratzel (1844-1904) e Karl Haushofer (1869-1946)
tiveram – direta ou indiretamente – no desenho estratégico dos
desastrosos projetos expansionistas da Alemanha de Guilherme II
(1888-1918) e de Adolf Hiltler (1933-1945). Apesar disto, as teorias
destes dois geógrafos transcenderam sua origem alemã, e idéias costumam
reaparecer nas discussões geopolíticas de países que compartilham o
mesmo sentimento de cerco militar e inferioridade na hierarquia
internacional. Mas a despeito disto, foi na Inglaterra e nos Estados
Unidos que se formularam as teorias e estratégias geopolíticas mais bem
sucedidas da história moderna.