Sábado, 29 de outubro de 2011
Da revista IstoÉ
Em vídeo, testemunha-chave conta
bastidores da teia de corrupção montada no Ministério do Esporte pelo
ex-ministro Agnelo Queiroz. Aparecem nomes e funções dos envolvidos na
rede que desviou recursos públicos para ONGs de fachada e empresas
fantasmas
Claudio Dantas Sequeira
DESVIOS MILIONÁRIOS
Como ministro do Esporte, o governador do DF promoveu uma série de acordos ilegais
Na semana passada, ISTOÉ obteve com
exclusividade o inteiro teor de um explosivo depoimento gravado em vídeo
por Geraldo Nascimento de Andrade, testemunha-chave das denúncias sobre
o esquema de desvio de verbas com ONGS do programa Segundo Tempo, do
Ministério do Esporte. Como motorista, arrecadador e até como laranja
para empresas fantasmas, Andrade serviu por mais de quatro anos a essa
rede de corrupção. Ele é um homem simples, de 25 anos, que na maior
parte do tempo esteve preocupado em garantir uma subsistência modesta.
Numa gravação de quase duas horas, Andrade conta tudo o que testemunhou e
executou para o grupo. Seu relato, nunca revelado na íntegra,
impressiona pela riqueza de detalhes e foi repetido por ele à Polícia
Civil e ao Ministério Público. As declarações de Andrade foram checadas
pelas autoridades, cruzadas com documentos e ofícios internos do
Ministério, aos quais ISTOÉ também teve acesso exclusivo. O material
embasou duas denúncias já acolhidas pela Justiça Federal e que correm
sob segredo de Justiça. Com esse conjunto é possível traçar pela
primeira vez um organograma de quando foi instalado, como atuavam, como
era feita a distribuição da propina e o papel de cada operador no
complexo esquema de dreno de recursos públicos montado no Esporte (leia
quadro na pag. ao lado). A gravação deixa evidente que a teia de
falcatruas que irrigou o caixa do PCdoB foi iniciada e bem azeitada pelo
ex-ministro do Esporte e antecessor de Orlando Silva, Agnelo Queiroz,
hoje governador do Distrito Federal. O depoimento de Andrade ajuda a
demonstrar, com minúcias, como Agnelo organizou esse propinoduto para
sugar dinheiro no Ministério do Esporte – operação que se manteve sob
administração do PCdoB com Orlando Silva.