Quinta, 22 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil
Débora Zampier - Repórter
A corregedora-geral de Justiça, ministra Eliana Calmon, rebateu hoje (22) as acusações de que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) esteja promovendo quebra de sigilo fiscal e bancário de mais de 200 mil juízes e servidores do Judiciário. Ela creditou as especulações “absurdas e desencontradas” ao trabalho de entidades classistas de juízes, que segundo ela, atuam em um “espetáculo dantesco”. “Só posso lamentar essa polêmica”, disse a corregedora em coletiva na manhã desta quinta-feira.
Calmon esclareceu que a investigação sobre o patrimônio de juízes é 
feita há quatro anos pela Corregedoria Nacional de Justiça e já passou 
por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, pelo Amazonas e pelo Amapá. “Todos 
têm que apresentar suas declarações de bem e de renda de acordo com a 
lei e isso deve ser examinado pelos órgãos de controle, como a 
corregedoria e o Tribunal de Contas da União (TCU). É para apresentar 
para ficar dentro do arquivo? Não, é para examinar se tem transação 
ilícita”, esclareceu Calmon. Ela lembrou que a análise do patrimônio de 
parentes também é uma imposição legal da Lei de Improbidade.
De acordo com a ministra, o Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras (Coaf) informa à corregedoria o CPF de detentores de 
movimentações atípicas nos tribunais (com valores anuais acima de R$ 250
 mil), e os técnicos fazem o cruzamento de dados com as declarações de 
renda de juízes e servidores.
A corregedora informou que a devassa começou em São Paulo porque esse é
 o estado com o maior aparelho Judiciário do país. O trabalho da 
corregedoria detectou 150 situações suspeitas no estado, como falta de 
informações de sobre o pagamento da correção monetária e o fato de 45% 
dos magistrados do estado não terem apresentado cópia do Imposto de 
Renda ao tribunal.
A ministra considera que a quantidade de problemas encontrados no 
estado é pequena em comparação com o tamanho do Judiciário local, que 
tem 45 mil servidores e dois mil juízes. “Não estou preocupada com São 
Paulo, é muito pouco. O local que mais me preocupa é Mato Grosso do Sul,
 onde nenhum juiz entregou informações sobre a renda”, disse a ministra.
Calmon também informou que seu gabinete não foi responsável por 
qualquer vazamento de informações sigilosas, uma vez que o cruzamento de
 dados ainda está em andamento, e o relatório ainda não ficou pronto. 
Ela também desmentiu que a corregedoria esteja investigando passivos 
trabalhistas da década de 1990, uma vez que a análise é restrita às 
folhas de pagamento de 2009 e 2010.
Segundo a ministra, o fato de as investigações serem de folhas recentes
 do Tribunal de Justiça de São Paulo também excluiu da investigação os 
ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski. Eles tomaram posse no 
Supremo Tribunal Federal em 2003 e 2006, respectivamente.
Calmon disse que não procurou os ministros para esclarecer qualquer 
mal-entendido porque a questão está na Justiça. “Não podemos conversar 
como se fosse clube de amigos. Os ministros têm que ficar em paz para 
decidir”.