Segunda, 30 de janeiro de 2012
Odir
Ribeiro é rico em caráter e próspero em amigos. É jornalista. Um blogueiro que
respeita e se faz respeitar. Por natureza – porque o homem é assim – tem
adversários, mas não deveria ter inimigos.
Lamentavelmente,
neste domingo 29, Odir precisou de assistência médica logo cedo. Com dores
abdominais, bateu na emergência do Hospital do Paranoá. Um olhar superficial,
um buscopan na veia. Um paliativo. E a recomendação para ficar em casa,
repousando.
Contorcendo-se
em dores, Odir voltou ao hospital no meio da tarde. Não havia médicos, não
havia enfermeiros. Abandonado à própria sorte, socorreu-se dos amigos no
Twitter. Em seu microblog, postou um quadro de saúde instável.
A rede social
virtual entrou em ação. O enfermo foi resgatado da sujeira do Hospital do
Paranoá e levado a outros estabelecimentos do serviço público de saúde. No
Hospital de Base, o mesmo que provocou a pré-morte de Tancredo Neves, o pasmo.
Emergência só para aidéticos e pacientes de câncer em estado terminal.
Paranoá, Lago
Sul, Setor Hospitalar Sul, Setor Hospitalar Norte. E as dores crescendo, Odir
suando.
Carlos Drummond
de Andrade fez-se presente. Mas não é José. É Odir. E agora? Quer abrir a porta
do socorro médico, mas não há porta. A fonte da Saúde secou. Odir tem nome, não
zomba dos outros. Escreve notícias em forma de versos.
Um outro doutor,
não médico, foi acionado. É autoridade. É amigo.
O domingo
acabou, renasceu a utopia.
Nos primeiros
minutos desta segunda-feira 30, Odir Ribeiro estava no centro cirúrgico do Hospital
Regional de Sobradinho. Foi diagnosticada uma crise aguda de apendicite.
Odir está vivo.
A rede pública de Saúde da capital da República está morta.
Fonte: Notibras