Sábado, 15 de setembro de 2012
Por
Ivan de Carvalho
Na
quinta-feira, a divulgação da terceira pesquisa eleitoral Ibope/TV Bahia
apresentou resultados que sugerem fortemente (ainda que teoricamente ainda não
garantam) a realização de segundo turno nas eleições para prefeito de Salvador.
Se levados em conta apenas os chamados “votos válidos”, o candidato democrata
tem 50 por cento deles, enquanto os demais candidatos somados têm os outros 50
por cento.
A pesquisa, que
apontou esvaziamento das candidaturas de Mário Kertész, do PMDB e Márcio
Marinho, do PRB, apresentou como dados fundamentais um crescimento finalmente
expressivo do deputado Nelson Pelegrino, do PT (de 16 para 27 por cento das
intenções de voto em um período de 19 dias).
Mas enquanto o
petista subia 11 pontos percentuais, o democrata ACM Neto também obtinha um bom
resultado, ao manter a liderança isolada na preferência do eleitorado e não
descolar de seu patamar de 40 por cento dos votos – diminuiu apenas um por
cento, para 39, o que, como já escrevi ontem, não é relevante nesse tipo de
pesquisa. Importa mais que, ao adquirir pontos, Pelegrino não tirou votos do
líder ACM Neto, fato que, se ocorresse, aí sim, seria muito preocupante para o
candidato democrata.
Na semana que
hoje finda, dois outros fatos sobressaem, além dessa importante pesquisa
eleitoral. Estou escrevendo antes da realização do comício de ontem à noite,
com a presença do ex-presidente Lula, uma figura com enorme prestígio popular,
com maior ênfase no Nordeste do país e, notoriamente, na cidade de Salvador.
Claro que no
comício de Lula, na Praça Castro Alves, o público estará composto da militância
de partidos que integram a coligação que sustenta a candidatura de Pelegrino e
de populares arrebanhados na periferia de Salvador e em cidades próximas – a
exemplo de Camaçari – e transportados em ônibus especiais. Eleitores já
antecipadamente convencidos. O que o PT deseja obter é imagem – do comício, de
Lula discursando, pedindo votos, da plateia aplaudindo, das bandeiras. Tudo
para jogar nos programas de propaganda eleitoral “gratuita” na televisão, com o
aproveitamento possível também no rádio. Uma questão é saber se o eleitor
decidirá segundo o apelo político de Lula ou os problemas de Salvador.
Talvez, com seu
comício, Lula possa ajudar também a acalmar o ambiente de barata voa que se
instalou na campanha do candidato do PT a prefeito de Camaçari. Até uns dez
dias atrás as coisas, que haviam começado mal, já pareciam ir bem para o
candidato Ademar Delgado, do PT, na avaliação dos petistas comandados pelo
prefeito Luiz Caetano, também presidente da União dos Municípios da Bahia –
UPB. Mas, agora, a avaliação já é outra, as chances de Ademar aparentemente se
adelgaçam e há uma grande preocupação com a candidatura oposicionista de
Maurício de Tude, do PTN. Em tempo: Luiz Caetano é um dos aspirantes a candidato
do PT ao governo baiano, mas uma eventual derrota de seu candidato em Camaçari
seria o fim do sonho.
Voltando a
Salvador, a oposição produziu ontem – coincidindo com o comício de Lula – um
fato novo bastante relevante, o declarado e decidido apoio do ex-prefeito
Antonio Imbassahy à candidatura de ACM Neto. Em um evento no Hotel Fiesta, com
algumas das principais lideranças da oposição na Bahia e discursos de Célia
Sacramento (PV), candidata a vice, ACM Neto e Imbassahy. As palavras deste
foram firmes: “Quero participar das atividades de rua e, se for convidado, do
programa de TV. Se demorei um pouquinho, agora cheguei. Salvador precisa de um
grande prefeito e ele está aqui ao meu lado”, disse o ex-governador e
ex-prefeito.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.