Domingo, 2 de setembro de 2012
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um estudo internacional, que conta com a participação do 
Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo e de instituições de outros sete 
países, apontou que o exame em tomografia computadorizada de 320 cortes 
(TC 320) pode diagnosticar com mais precisão quais as pessoas que 
apresentam um quadro de dor torácica, sem diagnóstico de infarto, que 
vão necessitar de tratamento invasivo tal como uma angioplastia cardíaca
 ou uma cirurgia, procedimentos utilizados para restaurar o fluxo normal
 de sangue para o coração comprometido por uma obstrução nas artérias do
 órgão. 
Atualmente, segundo o Incor, esse diagnóstico é feito com a utilização 
de dois exames: o cateterismo, que serve para identificar a existência e
 grau de obstrução das artérias do coração e a cintilografia com stress,
 que avalia se a obstrução está impedindo a chegada de sangue ao músculo
 cardíaco. No entanto, esses dois exames expõe o paciente a um maior 
nível de exposição à radiação e a risco de complicações. A utilização da
 TC 320 reduz até a metade a radiação a que ele é exposto em comparação 
aos outros dois exames.
Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da 
pesquisa no Incor e especialista em diagnóstico por imagem do hospital, 
Carlos Rochitte, disse que há outras vantagens na utilização da TC 320. 
“Com essa técnica, é um único exame, não invasivo, de 20 minutos”, 
falou. 
Além disso, o custo do exame feito com a TC 320 é menor. De acordo com o
 Incor, o custo do cateterismo gira em torno de R$ 8 mil (R$ 6 mil pelo 
exame e mais R$ 2 mil de honorários médicos) e, da cintilografia com 
estresse, R$ 1,9 mil. O custo da tomografia computadorizada de 320 
cortes fica em torno de R$ 3,3 mil. 
Pessoas com dor no peito, mas não estão sofrendo um ataque cardíaco, 
formam o perfil do paciente que poderá se beneficiar do exame com a TC 
320. “O paciente (indicado para o exame), basicamente, é aquele que tem 
suspeita forte de doença coronária, de meia idade, com colesterol alto, 
que fuma”, falou. 
O estudo, que teve início no final de 2009, foi realizado em 16 
hospitais de oito países e tem a coordenação da Universidade John 
Hopkins, nos Estados Unidos. “A importância do estudo é justamente o de 
poder identificar o paciente que realmente precisa ser tratado. 
Esperamos selecionar melhor os pacientes”, ressaltou o médico.
Rochitte não sabe estimar em quanto tempo esse exame poderá ser 
utilizado pelos hospitais brasileiros para diagnosticar uma doença 
coronária. “No Brasil, o InCor e o Einstein (Hospital Israelita Albert 
Einstein) têm esse equipamento e condições de fazer imediatamente. Os 
outros hospitais vão depender de se atualizarem ou de adotarem o 
protocolo para os equipamentos que contam no momento. Um dos projetos 
nossos para o futuro é de tentar expandir esse protocolo para os 
equipamentos que estão mais disponíveis como o TC 64 (que, segundo o 
Incor, trata-se de uma geração anterior do equipamento e está disponível
 praticamente em todos os hospitais de primeira linha públicos e 
privados do país)”, explicou.
O médico também vê uma possibilidade forte de que a realização desse 
exame possa ser coberta futuramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
“Esperamos poder colocar isso no SUS o mais rápido possível”, disse. 
Os 381 pacientes que participaram do estudo, 99 deles do Incor, vão 
continuar sendo acompanhados pelos pesquisadores por um prazo de cinco 
anos.