Quarta, 3 de outubro de 2012
Por
Mauro Santayana
No mundo só há passado,
e o passado cresce a cada dia, como resumiu o escritor argentino Macedônio
Fernandez: hoy hay más pasado que ayer.
O passado cresce, e o futuro, na vida dos homens e das nações, é uma vaga
hipótese. A morte do historiador Eric
Hobsbawm, ocorrida ontem, suscita uma curiosidade: se ele vivesse mais meio
século – e não sabemos como o mundo será então, se ainda houver o mundo – como ele
definiria essa segunda década do milênio novo? Ele não chegou a tratar do tema,
mas a sua formação marxista naturalmente o levaria a constatar, como outros
pensadores do fim do século passado, que a inteligência política está se
tornando escassa nestes anos.
O neoliberalismo - essa mancebia entre
o poderio militar dos Estados Unidos, os grandes bancos e a insensatez dos
governantes dos maiores países do mundo - continua indestrutível e indiferente
à crise que sua ganância provocou. Em Getafe, uma cidade ao sul de Madri,
ontem, 15 mil pessoas fizeram fila diante de uma empresa que necessita de 150
empregados: cem candidatos por vaga.