sábado, 1 de dezembro de 2012

Os planos do governo para o DF e para você

Sábado, 1 de dezembro de 2012
Do Urbanistas Por Brasilia
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O GDF tem proposto ao longo de 2012 diversos planos, projetos, ações e contratos de longo prazo que irão afetar profundamente a vida da população, a realidade econômica e ocupação urbana do DF. A população do DF é constantemente surpreendida por um festival de siglas e informações que não dão a real dimensão do que está prestes a ocorrer com o DF.

Assim, é fundamental que seja dado conhecimento sobre quais são as diversas decisões e projetos do GDF ocorrendo nesse momento e que estão estão motivando diversos setores da sociedade civil a se organizarem por meio do Movimento em Defesa de Brasília . Informe-se, participe e divulgue!

1) Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB)

Status: aguardando votação na CLDF nas próximas semanas (requerimento de urgência urgentíssima)

Fruto de contratação de uma consultoria privada, o conteúdo do PPCUB foi apresentado para a população de forma pouco didática, em pleno feriado de Corpus Christi, e está prestes a ser aprovado pela Câmara Legislativa. Ninguém sabe dizer com segurança o que está sendo mantido e o que está sendo alterado na área tombada. A Unesco recomendou a suspensão do PPCUB e sua reavaliação, mas o GDF ignora. O Iphan recomendou correções estruturais no conteúdo do documento que também resultariam em sua paralisação, mas o GDF ignora. Que cronograma é esse que o GDF tem que cumprir? Esse documento irá ditar o futuro da capital da República, um Patrimônio Cultural da Humanidade, e tem que ser feito com extremas seriedade e cautela, seja no prazo que for necessário. O PPCUB não está em condições de ser aprovado na Câmara Legislativa e precisamos impedir que isso ocorra de forma açodada nas próximas semanas.

2) Lei de Uso e Ocupação do Solo do DF (LUOS)

Status: aguardando votação na CLDF

Também resultado de contratação de uma consultoria privada, a LUOS complementa o polêmico Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) e propõe diversas alterações nas cidades do DF (aumento de alturas, alterações nos usos permitidos e outros parâmetros que regulam as ocupações das cidades). Elaborada ao mesmo tempo do PPCUB, o que reduziu a participação e discussão com a sociedade, foi encaminhada para a CLDF sem discussões aprofundadas nem a transparência necessária a uma legislação tão importante. Aprovar a LUOS de forma açodada pode acarretar danos irreversíveis a todas as cidades do DF, indistintamente.

3) Parceria Público-Privada (PPP) do Lixo por 30 anos

Status: audiência pública realizada e em processo de contratação

Brasília é a única grande capital brasileira que ainda destina seus resíduos a um “lixão”. Em lugar de resolver a questão de forma exemplar, a polêmica “PPP do Lixo” cria  um monopólio para a iniciativa privada nos próximos 30 anos, sem transparência e com sérios problemas de conteúdo, fere os princípios da gestão participativa e democrática, exclui os grupos sociais envolvidos e depõe contra a eficiência do Estado, a responsabilidade e a economicidade do gasto de recursos públicos(*). Essa PPP está sendo criada sem considerar as diretrizes do Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos do DF ou da  Lei 12.305/2010, as quais essencialmente definem que a gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana deve ser primeiramente discutida com a sociedade para só então haver a decisão por contratação ou PPP. Porque o contrato é de 30 anos se suas condições têm tantas críticas? Porque os especialistas não estão sendo ouvidos pelo governo?


4) Licitação do Transporte Público com contrato para 20 anos

Status: em processo de contratação
A licitação do transporte público feita para um período de 20 anos cria um oligopólio para três empresas que já exploram atualmente o pior transporte público do país, inviabiliza a longo prazo ajustes e correções no contrato, perpetua o transporte público no DF baseado na queima do diesel. É uma solução precária e emergencial que será adotada a longo prazo mas que não considera o transporte do DF como um sistema integrado tampouco as soluções de vanguarda ou comprovadamente eficientes como metrô, VLT, transporte de vizinhança, ônibus elétricos, etc. Trata-se de uma decisão sem a transparência desejada e ignorando alertas de especialistas para um período excessivamente longo que pode inclusive aprofundar a crise do transporte público no DF.

5) Consultoria de Singapura planejando os próximos 50 anos do DF

Status: contrato assinado e trabalhos se iniciando

No segundo semestre de 2012 o Governo do DF apresentou para a imprensa o projeto “Brasília 2060” sem qualquer previsão na legislação (PDOT) ou discussão prévia com a população com quatro eixos principais a serem desenvolvidos: um novo aeroporto internacional e de cargas, um distrito financeiro internacional, um polo logístico e um parque industrial.

Além desses projetos o Brasília 2060 prevê a implantação intensiva de indústrias no DF, considerando de antemão a indústria armamentista! O contrato entre o GDF e a empresa Jurong Consultants, de  Singapura, foi concebido e desenvolvido pela Terracap, e é questionável em termos de como está ocorrendo e do que está sendo proposto. A empresa Jurong, de Singapura (país asiático), sequer conseguiu comprovar a sua notória especialização para justificar a inexigibilidade adotada pelo GDF. A envergadura dos projetos a serem desenvolvidos para o Brasília 2060 criará eixos econômicos e de ocupação que impactarão fortemente a realidade do DF, sem qualquer tipo de justificativa ou demanda da população e ignorando o que já foi definido pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT).

6) Sucateamento da Saúde, Educação e Segurança no DF

O GDF tem priorizado as obras do Estádio Nacional e os mega-contratos entregando a gestão do DF a longo prazo para a iniciativa privada e ao mesmo tempo precarizando as atividades de interesse público sob sua responsabilidade. É importante destacar que o DF foi a única unidade da federação que recusou o financiamento (e a fiscalização) do BNDES para a construção de seu Estádio para a Copa do Mundo. Partos nos corredores de hospitais, insegurança generalizada, greves constantes, são realidades que infelizmente estão se tornando rotina para o brasiliense e não podemos assistir a isso tudo sem uma forte reação de retomada dos rumos do DF.

O Distrito Federal precisa urgentemente que ocorra o resgate da qualidade da saúde, educação e segurança que já tivemos um dia, que haja finalmente um sistema transporte público integrado, inteligente, eficiente e modelo para o país, que tenhamos um planejamento das cidades priorizando a qualidade de vida de seus habitantes e não os interesses do mercado imobiliário.

A população do Distrito Federal não deu um cheque em branco para que o DF seja desfigurado ou se transforme em uma mercadoria a ser negociada e por esse motivo continuará divulgando as informações que tem sido pouco consideradas pela mídia.