Sexta, 3 de maio de 2013
Da Quid Novi
03/05/2013     13:01
A
 Câmara indicou dois deputados para participar do grupo de trabalho que 
irá rever a PEC 37 –aquela proposta de emenda constitucional que proíbe 
procuradores e promotores de realizar investigações criminais. Um deles,
 Bernardo de Vasconcellos Moreira (PR-MG), que adota o nome parlamentar 
de Bernardo Santana, é réu numa ação penal
 que corre no STF. Leva o número 611. Envolve crimes ambientais, 
receptação, uso de documento falso e formação de quadrilha.
O
 deputado Bernardo tentou brecar a ação, originária do município mineiro
 de Várzea da Palma. Uma de suas alegações foi a de que as apurações 
realizadas pelo Ministério Público de Minas Gerais deveriam ser 
anuladas. Curiosamente, o réu frequenta os embates da Câmara na 
trincheira dos que defendem a tese de que apenas as polícias federal e 
civis podem fazer investigações.
Em
 decisão liminar (provisória) datada de 27 de dezembro de 2010, o 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinara o trancamento do 
processo. O diabo é que, dez dias antes, Bernardo havia sido diplomado 
deputado federal. Além do mandato, ganhara o foro privilegiado. Seu 
processo subiu à Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Dali, 
escalou os escaninhos do STF, que cassou a liminar e reabriu a encrenca.
 O relator do caso é o ministro Luiz Fux.
À
 espera de julgamento, o deputado-réu ainda não pode ser tachado de 
culpado. A propósito, ele nega as acusações. Porém, parece absurda a 
ideia de que um personagem que guerreia no STF contra o Ministério 
Público possa participar de um grupo de trabalho sobre uma emenda que 
proíbe o Ministério Público de investigar.
Composto
 também de delegados e procuradores, o grupo reúne-se pela primeira vez 
na próxima terça (7). A participação do doutor Bernardo é a mais recente
 prova de que De Gaulle realmente deveria ter dito a frase que dizem que
 ele disse –mas que na verdade não disse– segundo a qual o Brasil não é 
um país sério.