Segunda, 23 de setembro de 2013
Alana Gandra, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Higiene pode ser a receita simples, mas eficaz, para
 evitar que os homens sofram com uma doença que, além de incapacitá-los 
fisicamente, pode terminar aniquilando a sua vida em termos 
psicológicos. Para prevenir a doença, a Sociedade Brasileira de Urologia
 (SBU) promove de 27 a 29 deste mês a Campanha de Câncer de Pênis Zero, 
em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida.
O padrinho da campanha é o ex-jogador de futebol Zico, atual técnico 
do Al Gharafa, do Catar, que se ofereceu como voluntário. As ações 
ocorrerão nas cidades de João Pessoa, na Paraíba, do Recife e de 
Garanhuns, em Pernambuco; Fortaleza e Reriutaba, no Ceará, além de 
Teresina, no Piauí. Na próxima semana, cidades da Bahia serão 
incorporadas à campanha.
Segundo disse hoje (23) à Agência Brasil o 
presidente da SBU, Aguinaldo Nardi, a maior incidência do tumor ocorre 
nas regiões Norte e Nordeste e está associada não só à baixa condição 
socioeconômica das populações locais, mas também à falta de higiene e de
 conhecimento.
Ele informou que as populações menos favorecidas são as que mais têm 
câncer de pênis. “São as mais excluídas da informação e aquelas que são 
mais difíceis de chegar ao médico também”. Em geral, os homens moram 
longe dos centros médicos adequados. “É preciso melhorar o acesso da 
população ao urologista”.
O tumor de pênis é raro, ao contrário do câncer de próstata, que 
apresenta 60 mil novos casos por ano. Entretanto, a média de 1,6 mil 
amputações anuais, por câncer de pênis, é considerada elevada pela SBU. 
“Porque é uma doença que incapacita muito. É uma doença que aniquila o 
homem na sua concepção exata, não só na sua anatomia, mas na sua vida”.
Nardi esclareceu que o câncer de pênis é evitável. Para isso, basta 
que o homem tenha uma higiene adequada da área genital. “Ou seja, água e
 sabão. Lavando o pênis todo dia, não há problema de ter câncer de 
pênis”.
Outra providência é evitar doenças sexualmente transmissíveis com o 
uso de preservativo, a conhecida camisinha. “É sabido que o HPV, que é o
 vírus do papiloma humano, está ligado ao câncer de pênis”. Lembrou, 
ainda, que a presença de fimose, quando a pessoa não consegue expor a 
glande, isto é, a cabeça do pênis, é um fator de risco para câncer de 
pênis.
A prevenção deve começar na infância, recomendou o presidente da SBU.
 Cabe à família e aos pais, inicialmente e, depois, à escola, orientar 
os meninos quanto aos procedimentos que devem ser adotados para uma 
adequada higiene. Nardi destacou que a doença é um problema social e de 
educação. “A gente precisa concentrar esforços de toda a sociedade 
organizada ou não, Estado e entidades, para que se possa levar a 
informação às pessoas mais carentes. Aos excluídos da informação”.
Índia, Egito e alguns lugares da África apresentam maior incidência 
da doença. Na Índia, por exemplo, a taxa é 3,32 casos a cada 100 mil 
habitantes. A menor incidência, próxima a zero, é encontrada nos judeus 
nascidos em Israel. Aguinaldo Nardi destacou que no Brasil, algumas 
cidades do Norte e Nordeste têm incidência semelhante à da Índia, do 
Egito e da África.
“Não são poucos os casos da doença. A gente tem muito o que fazer. É 
que [o problema] é mais concentrado no Norte e no Nordeste do que na 
Região Sudeste ou na Sul. É importante que a gente atue nesses locais, 
onde a incidência é tão grande como nos países de maior incidência do 
mundo”.
Participam da campanha 100 urologistas voluntários, que moram nas 
capitais ou cidades do interior, além de outros especialistas que estão 
aderindo graças a convênio que a SBU e as Forças Armadas. “Estão indo 
para colaborar no atendimento aos pacientes, na informação à população e
 na realização de cirurgias de fimose”.
A campanha deve se estender até o final do ano nos locais de 
incidência elevada de câncer de pênis. A SBU se prepara para promover 
nova campanha com o mesmo objetivo, em 2014. “A gente vai insistir 
nisso, porque sabemos da importância de uma amputação para o 
brasileiro”.
No portal da SBU, os interessados poderão tirar dúvidas sobre a 
doença. O principal sintoma de alerta é o aparecimento de uma ferida que
 não cicatriza, disse Nardi. “Toda ferida no pênis que não cicatriza 
revela importância de procurar um médico para saber o que é. Pode ser um
 câncer de pênis”.
O presidente da SBU informou que na fase inicial a doença exige uma 
cirurgia pequena. Significa que existe uma possibilidade elevada de 
cura. “Quanto mais cedo fizer o diagnóstico de câncer de pênis, menor é o
 tratamento, menor é a invasão do tratamento cirúrgico”.
Quem estiver interessado em fazer o exame urológico, tirar dúvidas e 
obter encaminhamento para seu caso, sendo cirúrgico ou não, deverá 
procurar os hospitais participantes da campanha. No dia 27, estão 
programados para atendimento o Instituto Médico Integrado Professor 
Antônio Figueira, no Recife, e o Hospital São Marcos, em Teresina. No 
dia 28, os urologistas que fazem parte da campanha atenderão no Hospital
 Municipal Santa Isabel e no Centro Médico em Praça Caldas Brandão, em 
João Pessoa; no Hospital Dom Moura, em Garanhuns (PE); na Santa Casa de 
Misericórdia, em Fortaleza; e no Hospital Rita do Vale Rego, em 
Reriutaba (CE).