Terça, 1 de outubro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Convicção é
uma expressão do repórter, pois, para o presidente do DEM, afirmar a grande
chance das oposições vencerem é apenas uma constatação, fundamentada no cenário
político e administrativo baiano, sem deixar de levar em consideração o cenário
político-eleitoral do país.
Mas o
dirigente democrata ressalva, sem mesmo que uma pergunta direta lhe haja sido
feita sobre esse aspecto (a conversa foi realmente breve, em um elevador, não
deve ter ultrapassado os 30 segundos), que antes de conquistar o poder estadual
as oposições “têm que arrumar a casa”, o que vale dizer, unir-se
verdadeiramente de um modo que as torne capazes de obter a maioria dos votos.
Claro que se
poderia dizer que essa condição é óbvia, mas também é claro que vale ser
assinalada, pois essa “arrumação da casa”, que envolve, naturalmente, a
formação de uma chapa adequada ao momento e que tenha como candidato a
governador o nome capaz de atrair a maioria dos votos, não parece coisa fácil.
Exige, além da escolha da chapa mais eficaz, a criação de um ambiente de
aliança em que todos os componentes estejam empenhados a fundo na vitória. Isso
é sempre uma coisa delicada, mas precisa ser conseguida para que aquela chance
que “nunca foi tão grande” – o que imagino significar que em 2010 foi menor do
que pode ser em 2014 – persista tão forte até o fim.
Parece
importar bastante na avaliação do presidente do DEM a certeza de que o PT e o
governador Jaques Wagner estão em marcha batida para consumar a escolha de um
determinado nome (Azi evitou citá-lo) que os democratas consideram de eleição
difícil. Foi aí que a porta do elevador se abriu e a conversa precisou acabar,
o que não impede uma retomada a qualquer momento.
Colhendo
depois informações junto a outros políticos oposicionistas, deu para
acrescentar novos elementos ao cenário. Um deles é de que os oposicionistas
parecem convencidos de que o PT e o governo só temeriam um nome das oposições
para a sucessão de Jaques Wagner, o prefeito ACM Neto.
Se Neto
fosse candidato, o governo pensaria dez vezes antes de definir qual o nome a
ser selecionado para enfrentá-lo. Mas como ACM Neto tem se colocado de maneira
que elimina dúvidas fora da disputa eleitoral do ano que vem, o governador e o
PT estariam se sentindo à vontade para lançar o nome que quiserem, pois
acreditam que podem vencer com qualquer nome.
Aí voltamos
àquele ponto em que o presidente do DEM, Paulo Azi, se mostra convencido de que
o candidato governista já está escolhido. E que não se trata de um político
fácil de carregar na campanha eleitoral e de eleger. Este seria um dos
componentes – e não o menos importante – da análise oposicionista de que há uma
grande chance de vencer no ano que vem.
Com o governo
e o PT andando assim de saltos altos, as oposições acreditam que, se fizerem
tudo certo, têm uma chance muito grande de eleger o sucessor do governador
Jaques Wagner, apesar de não ignorarem, as oposições, que enfrentam uma aliança
muito ampla e que dispõe de uma máquina poderosa, formada pelas administrações
federal, estadual e muitas administrações municipais, além de entidades que não
se esgotam na CUT, MST, muitos sindicatos e congêneres, mas envolvem ainda uma
miríade de ONGs.
Vale
assinalar que a política é mutante. E que a grande aliança que o governador
Jaques Wagner conseguiu formar na Bahia, neste seu segundo mandato, está, neste
momento, à beira de uma primeira ruptura: com a candidatura do presidente
nacional do PSB, Eduardo Campos, a presidente, a senadora Lídice da Mata,
presume-se, deixará a aliança e será candidata a governadora pelo partido que
preside na Bahia.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da
Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.