Quinta, 26 de dezembro de 2013
Ivan Richard, repórter da Agência Brasil
A Polícia Civil do Distrito Federal (DF) prendeu hoje
(26) sete pessoas e apreendeu mais de R$ 2 milhões em espécie, além de
joias e veículos durante a Operação Armadilha, desencadeada para
desarticular um esquema de exploração do jogo do bicho na capital. O
montante é o maior já apreendido no DF.
Com a operação, o delegado-chefe adjunto da Delegacia de Repressão
ao Crime Organizado (Deco), Fernando Cocito, acredita que o jogo do
bicho não funcionará mais na capital do país. “Exterminamos o jogo do
bicho na data de hoje. Estaremos atentos para qualquer tentativa de
ressurgimento do jogo”, disse o delegado, chefe da operação.
Diferentemente de outras ocasiões, desta vez os responsáveis pelas
quadrilhas serão enquadrados pela nova lei que define organização
criminosa. Aprovada este ano, a Lei 12.850 modificou o Código Penal e
tornou mais severas as punições para essa prática criminosa, com pena de
reclusão de 3 a 8 anos, que pode ser elevada.
De acordo com Cocito, a Operação Armadilha é resultado de seis meses
de investigações e conseguiu desbaratar duas quadrilhas que atuavam há
mais de 15 anos como jogo do bicho. Chefiadas por Hélio Cesar Alfinito,
conhecido como Helinho, e João Carlos dos Santos, elas dividiram o
Distrito Federal em duas grandes áreas de exploração da jogatina.
Uma
compreendia as regiões administrativas da Asa Sul, do Guará, Núcleo
Bandeirante, Riacho Fundo, de São Sebastião e do Cruzeiro. A outra
comandava o jogo ilegal na Asa Norte, Ceilândia, no Paranoá, em
Sobradinho e Planaltina. “Essas quadrilhas estavam enraizadas no
Distrito Federal. Eles pintaram e bordaram por aqui e estamos colocando
um ponto final nisso”, frisou Cocito.
Segundo ele, o faturamento mensal da máfia chegava a R$ 3 milhões
por mês e o aumento na arrecadação era comemorado em restaurantes e
casas de luxo da capital do país. Para legalizar o dinheiro, as
quadrilhas usavam laranjas e empresas de fachada. “As empresas adquiriam
bens moveis e imóveis em nome de terceiros e deles próprios”, explicou o
delegado.
As empresas eram uma imobiliária, chamada Vila Isabel, localizada no
Lago Sul, e uma empresa de fabricação de bobinas, a Bobinas.com, que
produzia as máquinas usadas no jogo do bicho. “Essa era uma associação
mais sofisticada, com soldados do crime, gerenciamento, divisão de
tarefa. Estão sendo autuados pelo crime de organização criminosa”,
reforçou Cocito.
Também foram presos hoje Leonardo Fernando Lins, genro de Helinho,
Jerônimo Natividade, João Rufino, Luiz Francisco Magalhães de Almeida e
o policial militar aposentado Wilians Fernandes de Morais.