Domingo, 25 de maio de 2014
Tudo bem. Ninguém entende mesmo
cabeça de alguns juizes. Mas tentem entender o tortuoso Zavascki. Eram 12
presos. Ele queria soltar um, o cochichado. Em vez de manter 11 presos e soltar
o cochichado, ele soltou à noite todos os 12 e prendeu novamente 11 ao
amanhecer.
Da Tribuna da Imprensa
Por Sebastião Nery
No “11 de Novembro” de 1955,
internado Café Filho, presidente da República, com problemas cardíacos, o
golpista Carlos Luz, presidente da Câmara no exercício da Presidência, tentou
demitir o general Lott do Ministério da Guerra para impedir a posse de
Juscelino – que havia ganho as eleições de 3 de outubro – mas não conseguiu.
A Câmara reuniu-se, derrubou-o
e o substituiu por Nereu Ramos, presidente do Senado. Antonio Balbino,
governador da Bahia, amigo de Nereu, veio para o Rio visitá-lo.
Nereu acabava de receber carta
de Café Filho comunicando-lhe que ia reassumir a Presidência. Mas o General
Denis, comandante do I Exército, já havia mandado cercar a casa de Café para
ele não sair de lá.
NEREU
Quando Balbino chegou ao
Catete, o general Lima Bryner, chefe da Casa Militar de Nereu, pediu a Balbino
que convencesse Nereu a não devolver o governo a Café, que queria dar o golpe.
Nereu foi claro:
- Só vou agir dentro da lei.
O Café, através de Prado Kelly
e Adauto Cardoso, entrou com mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal. Se
o STF conceder o mandado, entrego o governo e volto para o Senado.
Lott soube da conversa, chamou
Balbino:
- Governador, vá conversar com o
presidente do Supremo.
BALBINO
Balbino foi. O velhinho estava
em casa, noite alta, já de pijama:
- Ministro, o país está vivendo
um momento difícil. Compreenda. A casa do Café está cercada. O Catete está
cercado. Nereu não vai poder passar o governo ao Café porque Café não quer dar
posse ao Juscelino.
- Mas, governador, o mandado de
segurança está em pauta para amanhã. Se o Tribunal conceder, o Café vai
reassumir.
- Ministro, entenda. Enquanto
se fecha o Legislativo, ainda se entende. Mas, e se o Judiciário for fechado?
Para onde vamos?
O ministro levantou-se, passou
para o gabinete interno da casa, pegou o telefone vermelho, daqueles de gancho,
e começou a ligar para os outros ministros, falando baixinho, cochichando,
cochichando. O mandado de segurança não entrou em pauta. Nereu continuou
presidente e deu posse a Juscelino no dia em que a Constituição mandava.
TEORI
Não sei com quem o ministro
Teori Zavascki, do Supremo, cochichou. Mas deve ter cochichado com um cochicho
muito poderoso, para chegar a uma decisão tão estapafúrdia, a uma teoria tão
zavascada.
Tudo bem. Ninguém entende mesmo
cabeça de alguns juizes. Mas tentem entender o tortuoso Zavascki. Eram 12
presos. Ele queria soltar um, o cochichado. Em vez de manter 11 presos e soltar
o cochichado, ele soltou à noite todos os 12 e prendeu novamente 11 ao
amanhecer.
O pais levou um susto, as
manchetes das TVs e jornais explodiram. E o cochichado? O cochichado, ora,
continua cochichando.
PAC EMPACOU
O economista Gil Castello
Branco, fundador da Associação Contas Abertas, analisa o desempenho do PAC,
criado para lançar a candidatura da Dilma, “a Mãe do PAC”, em 2010. Os
resultados são devastadores:
1- Na Saúde, das 24.006 obras
prometidas só 2.547 (11%) foram colocadas à disposição da sociedade. Unidades
Básicas de Saúde (UBS): das 15.652 previstas, irrisórias 1.404 (9%) foram
concluídas. Unidades de Pronto Atendimento (UPAs): 503 previstas, somente 14
prontas.
2- Saneamento e recursos
hídricos: das 7.911 iniciativas, apenas 1.129 (14%) finalizadas. Dilma prometeu
6 mil creches, que poderiam chegar a 9 mil. Das 5.257 creches e pré-escolas
constantes do PAC 2, apenas 223 em funcionamento até o fim do ano passado.
3– Esporte: das 9.158 quadras
esportivas, apenas 481 (5%) inauguradas. Nenhum dos 285 centros de iniciação ao
esporte ficou pronto.
4– Transportes: dos 106
empreendimentos em aeroportos, 70% ainda em fases burocráticas. De cada 3 obras
de rodovias, apenas uma concluída. Das 48 intervenções em ferrovias, só 12 no
fim.
Mais da metade do PAC 2 sequer
saiu do papel. De cada 10 iniciativas, menos de 4 estão em obras ou em
execução. Apenas 12% concluídas.
O
PAC empacou.