Segunda,
25 de agosto de 2014
Efigênia, que poderia ser Maria, Joana, Terezinha, Madalena,
ou qualquer outra mulher. Mas é Jesus. E da mesma forma que Ele, nossa Jesus
também viveu o seu martírio, seu tormento, sua dor continuada. Também é filha
do Homem, mas como milhões de brasileiras não tem o respeito e o tratamento
que merece receber dos homens cá de baixo que nos governam, ou desgovernam,
seja pela incompetência, má fé, ou indiferença.
Jesus, a Efigênia, acreditou naquele que até bem pouco
tempo era secretário de Saúde de Agnelo. Pensou que, doente, não deveria ir ao
Hospital Regional do Gama (HRG) na noite de ontem (24/8), mesmo estando se
sentindo mal. Seria bem atendida na manhã desta segunda-feira. O secretário
havia declarado na TV que a culpa era dos doentes, pois só procuravam os
hospitais à noite, mas que durante o dia haveria médicos e todos os recursos
disponíveis.
Levei, pouco antes das 9 horas desta segunda, nossa
Jesus ao pronto-socorro do Gama. Acompanhada por seu neto, lá ficou para ser
atendida por algum médico clínico. Fui embora, mas eis que às 9h15 seu neto
liga-me e diz que sua avó já havia sido atendida. Vibrei. Opa! As coisas
melhoraram com a saída do secretário bactéria. Vou postar alguma coisa
reconhecendo alguma mudança.
Para minha tristeza, decepção, e raiva, essa é a
verdade, muita raiva, descobri que Efigênia, a nossa Jesus, foi atendida somente
pela equipe de triagem. Nada de exames, receitas, medicamentos. Mediram a
temperatura e mais alguma coisa. E tascaram-lhe uma pulseirinha verde, mas para
seu desespero, informaram-lhe que no momento só havia um médico, e assim mesmo no box de
emergência, e que por isso não podia atender ninguém ali, a não ser que fosse
caso muito grave. Médico clínico, essa a informação a mim passada pelo seu
neto, só chegaria às 19 horas. Seriam quase dez horas de espera. Mas havia uma
orientação, não só para ela, mas para todos que estavam a espera de atendimento
de algum medico clínico no HRG. Usando meios modernos (quem disse que a saúde
no DF não se moderniza?) a voz do microfone informava que cada paciente ali
deveria se dirigir a uma UPA.
É isso, que todos fossem para a UPA que alguém pariu.
A mais próxima do Gama fica no Recanto das Emas, coisa
de mais ou menos 17 quilômetros de distância.
Sentindo-se mais uma vez humilhada, achando-se
discriminada por entender que isso ocorria por ela ser pobre, Jesus disse que
voltaria para casa, que esperaria ficar curada com algum chá ou comprimido, mas
não seria humilhada novamente naquele dia. Não houve quem a demovesse de sua
posição.
E Jesus continua mal, bem mal. Mas quem vai lá se importar
com ela, uma pobre coitada? Certamente não será nossos governantes, nossos políticos
tradicionais, esses insensíveis.