Quarta,
3 de setembro de 2014
No discurso dos debates da TV ou do horário eleitoral
gratuito (????) a presidente Dilma tenta nos convencer que brasileiro está no
Céu. Nos melhores dos lugares. O emprego, tá ótimo, pois o desemprego está abaixo
dos 8 por cento (que cálculos! Explicação necessária em outra oportunidade). Os hospitais públicos
melhoraram, e se já estavam próximo à perfeição, como disse Lula certa vez, agora
com os bilhões de reais aplicados, certamente já ultrapassaram a perfeição. Se
melhorar, estraga. Ninguém mais morre esperando atendimento médico ou remédios
no sistema público de saúde.
Os aposentados já não estariam em penúria. Estão
satisfeitos, com grana no bolso, barriga cheia.
Que tristeza! Que grandes mentiras! Que palavras vazias da
candidata Dilma e de outros concorrentes à Presidência, que também acham que
seus partidos fizeram (e eles farão) a mudança para melhorar esse país.
Mudanças, sem mudar nada? Com o mesmo modelo econômico. Com o famoso ‘tripé’ —taxa
de inflação, câmbio e taxa de juros— endeusado pelos economistas neoliberais e
defensores da banca internacional e nacional? Com o criminoso ‘superávit
primário’ perseguido a todo custo, e com efeitos funestos para a população? Com
o pagamento diário (DIÁRIO) de mais de R$3 bilhões e R$400 milhões de juros aos
bancos?
Hoje, 3 de setembro, às 11h30 fui abordado por um velho, vá
lá, idoso. Dizia, e provou por documento, ter 65 anos, mas sua aparência era de bem mais. Curtido pelas
chicotadas da vida, e arrebentado pelo massacre de uma aposentadoria do INSS.
Disse ele que o seu dinheirinho da aposentadoria sairia
amanhã. Como estava com fome, e não havia tomado o café da manhã, pois isso não
tinha em casa, foi à agência bancária pedir para tirar alguma coisa adiantada,
para, pelo menos, comer hoje e segurar a barra (ou a barriga) até amanhã. Mas
banco é banco. Normas são normas. Insensibilidade é insensibilidade. Quem
adiantaria alguns trocados para aquele pobre coitado, magro, esquelético, possivelmente
desnutrido, rosto triste, lágrimas nos olhos, vergonha na alma? Os bancos? O governo?
Não, nenhuma dessas duas entidades. Uma usa o seu dinheiro e lhe toma a roupa
de juros. A outra, o governo, arranca impostos e nega-lhe uma aposentadoria
digna, uma assistência médica mínima necessária. Remédios para a pressão, e
para o combate a outros males que normalmente atingem as pessoas idosas, faltam
hoje e amanhã também. Foi o relato daquela vítima de políticas desastradas e
irresponsáveis de governos desse país desigual.
Sem receber a aposentadoria, que é gasta inclusive comprando
remédios que o governo deveria distribuir, e até diz que não falta,
envergonhado, foi obrigado a pedir um real, um mísero R$1,00 “para comer no
restaurante lá de cima” (restaurante comunitário). E à noite? E amanhã? E no
final e início do mês que vem, quando sua aposentadoria recebida nesta quinta já
estiver desaparecida?
Imagino a dor, a vergonha, a decepção daquela pobre vítima
de um país vagabundo, de governantes no
mínimo, para não dizer coisa pior, incompetentes.
É ...!