Terça, 2 de
setembro de 2014
Hoje [ontem, 1º de setembro] foi realizado o segundo debate entre os
presidenciáveis, transmitido ao vivo pela TV. Mais uma vez, o tema da dívida
pública foi destaque.
No primeiro bloco do debate, o candidato Eduardo Jorge
(PV) comentou sobre a “Bolsa Selic”, ou seja, o enorme volume de recursos
destinado aos bancos, por meio da dívida pública, mostrando que, desta forma,
não interessa às instituições financeiras emprestar ao setor produtivo a juros
baixos, já que podem ganhar juros altíssimos emprestando ao governo.
Ainda no primeiro bloco, Luciana Genro (PSOL) mostrou como
está organizado o orçamento federal: mais de 40% dos recursos são destinados
para o pagamento da dívida pública, enquanto áreas sociais fundamentais como
saúde e educação recebem 10 vezes menos. Propôs expressamente a auditoria da
dívida pública como alternativa a este problema, que se não for enfrentado, não
será possível o aumento significativo dos gastos sociais. Levy Fidelix (PRTB)
também mostrou o problema da dívida, citando que o governo federal já gastou
mais de R$ 600 bilhões com juros e amortizações da dívida neste ano.
No segundo bloco, perguntada por um jornalista se não
seria algo “atrasado” criticar o setor financeiro, Luciana Genro (PSOL)
denunciou os altíssimos lucros dos bancos, citando que o governo Dilma aumentou
a taxa de juros 9 vezes, beneficiando assim os rentistas da dívida pública.
Debatendo com Aécio Neves (PSDB), Luciana lembrou que Armínio Fraga – já
escolhido por Aécio como seu “futuro Ministro da Fazenda” – praticou altíssimas
taxas de juros quando foi Presidente do Banco Central durante o governo FHC.
No terceiro bloco, Luciana Genro (PSOL) questionou Marina
Silva (PV), cujos assessores têm defendido o chamado “tripé” macroeconômico, ou
seja, o superávit primário (a priorização dos gastos com a dívida pública), o
aumento de tarifas (gasolina, por exemplo), e ainda a independência do Banco
Central. Assim como no primeiro debate, Marina não desmentiu estas propostas, e
se limitou a dizer que deseja manter as conquistas das últimas décadas.
No quarto bloco, Eduardo Jorge (PV) debateu com Aécio
Neves (PSDB) sobre a proposta de reduzir a taxa de juros da dívida pública para
obrigar os bancos a emprestar ao setor produtivo. Aécio respondeu que, para
reduzir a taxa de juros, seria necessário resgatar a “confiança” na economia,
sem esclarecer de quem seria necessário adquirir tal confiança, e como isto
seria feito. Durante as considerações finais, Levy Fidelix (PRTB) ainda
criticou os mais uma vez os bancos, que ganham a maior parte dos recursos e
“não sobra dinheiro para nada”.
Portanto, mais uma vez o debate deixou claro que a dívida
é o principal problema do país, e deve ser enfrentado por meio de uma profunda
auditoria.