Quarta, 3 de setembro de 2014
Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil 
          
A contadora Meire Bonfim da Silva Poza inverteu hoje (3) a 
acusação do deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) de que ela havia pedido
 dinheiro para não denunciar o envolvimento do parlamentar com o doleiro
 Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Com 
um gravador na mão, ela apresentou áudio em que o advogado de Argôlo, 
Aluisio Lundgren, faz proposta financeira em troca do silêncio dela.
Meire
 Poza fez a apresentação do conteúdo da gravação no Salão Verde da 
Câmara dos Deputados, um dia depois que Luiz Argôlo, em depoimento à 
Comissão de Ética da Casa, disse que a contadora pediu dinheiro para não
 incriminá-lo. Para defender-se da denúncia, ela mostrou a jornalistas 
trechos de uma conversa de mais de quatro horas com o advogado, que 
teria ocorrido em um jantar em julho deste ano.
“Em todo o 
momento do jantar, eu disse que não queria dinheiro. Eu não sou ré da 
ação da Operação Lava Jato e não tive prejuízos. Disse que não queria 
extorquir ninguém e que queria só resolver o problema [de repasse de 
dinheiro] em relação ao Grande Moinho Cearense”, disse a contadora, 
citando a empresa que também está sendo investigada pela PF.
Meire
 Poza afirmou que o pagamento para a empresa cearense somava mais de R$ 
980 mil e que o problema era a falta de provas de que a empresa havia 
prestado o serviço para o qual foi contratada. “A nota quem emitiu fui 
eu [para a empresa] e a solução foi fazer relatórios como se os serviços
 tivessem sido prestados e não foram”, afirmou.
A gravação, 
segundo ela, não foi entregue à Polícia Federal porque ela não 
considerou “necessário” na época. Perguntada sobre o motivo de não ter 
denunciado Youssef antes, a contadora admitiu que não teve coragem e que
 só se sentiu segura quando soube da operação conduzida pela Polícia 
Federal. “Os quase quatro anos que passei prestando serviços para GFD 
[empresa do doleiro] só eu sei exatamente o que passei, as coisas que 
ouvi e não tive coragem”, alegou.
O relator do processo contra 
Argôlo no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), disse que
 não pode considerar nada do que foi dito pela contadora hoje. “As novas
 provas não podem ser consideradas no processo, porque já está em fase 
de instrução”, disse. Marcos Rogério ainda explicou que um parlamentar 
ou partido teria que pedir aditamento para apresentação de novas provas 
ou a abertura de um novo processo.
A Agência Brasil
 tentou falar com o advogado Aluísio Lundgren antes da publicação da 
matéria, mas o telefone celular dele estava desligado. O gabinete do 
deputado informou que Argôlo está em viagem ao interior da Bahia e não 
estava acessível por telefone.