Sábado, 27 de dezembro de 2014
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
O Instituto de Defesa do Cosumidor (Idec) lança campanha para mostrar
a importância de se conhecer a origem dos alimentos. Segundo o Idec, no
Brasil, os compradores têm muito pouco acesso a questões como: região
onde o alimento foi produzido, em que condições isso foi feito e quais
substâncias foram usadas durante a cadeia produtiva, até chegar ao
supermercado.
"Saber
de onde vêm os alimentos significa saber informações sobre como o
alimento foi plantado, se foi ou não usado agrotóxico e se a quantidade
usada está dentro do limite estabelecido por lei, saber a distância
entre onde o alimento foi produzido e onde está sendo vendido, pois
quanto mais próximo, mais fresco e menos poluentes são emitidos no
transporte", explica a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto.
A
campanha De onde vem? visa a promover a rastreabilidade dos alimentos,
uma questão que ainda não foi regulada no Brasil. Algumas redes de
supermercados e produtores têm iniciativas próprias para fornecer essas
informações. Segundo Ana Paula, a prática já existe em diversos países,
sobretudo na Europa, que divulga, inclusive, o nome do produtor dos
alimentos. De acordo com a nutricionista, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) discute ainda internamente uma regulação
para o país.
O objetivo da campanha do Idec é conscientizar o
consumidor: "o consumidor pode buscar infomação no próprio supermercado,
pois ele tem que controlar a origem do alimento para, no caso de haver
alguma contaminação, identificar facilmente onde está o problema e tirar
o produto de circulação. O consumidor pode também cobrar mais
informações do supermercado. Além disso, quando vier a público a
dicussão sobre a regulamentação pela Anvisa, o consumidor poderá apoiar a
iniciativa", acrescenta Ana Paula.
O ideal, segundo o Idec, é
que as gôndolas dos supermercado indiquem o produto, a variedade, o
produtor e o centro de distribuição - quando houver, CPF/CNPJ, endereço,
data de produção, lote e se houve uso ou não de agrotóxicos.
O
instituto realizou pequisa que mostra que o principal problema está nos
alimentos a granel, apenas 0,06% dos alimentos apresentam alguma
informação ao consumidor. Entre os alimentos embalados, são 42,6%. Os
alimentos orgânicos estão em vantagem e somam 56,5% contra 28,7% dos
convencionais.
Em vídeo
no Youtube, a jornalista Francine Lima, criadora do canal Do Campo à
Mesa, que debate a composição nutricional dos alimentos industrializados
apresenta outra forma de rastrear a origem dos alimentos usando
smartphones com acesso à internet, que pode se somar aos cartazes.
Alguns
produtores já usam a tecnologia e colocam nas embalagens uma etiqueta
com links ou códigos que permitem acessar informações sobre os
alimentos. "Os sistemas de rastreamento servem para contar a história de
vida do alimento. No caso da carne rastreada, o sistema pode contar em
qual fazenda o boi viveu, o que ele comeu, em qual abatedouro e quando
ele morreu, quando ele foi entregue no supermercado. Todas essas
informações sobre a vida do boi ficam registradas no sistema de
computador que pode ser acessado via internet", explica a jornalista. O
mesmo se aplica a frutas e verduras e outros alimentos.