Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
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"Os ajustes que estamos fazendo,
eles são necessários para manter o rumo, para ampliar as oportunidades,
preservando as prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12
anos atrás."
Assim a presidenta Dilma Rousseff justificou, nesta 3ª feira (27), o
elenco de medidas recessivas, de inspiração neoliberal, com que seu
ministro Joaquim Levy tenta enfiar goela dos explorados abaixo a conta
do esfarelamento da economia brasileira na atual década. Dos bancos,
grandes capitalistas, herdeiros das maiores fortunas e rentistas nenhuma
quota de sacrifício se exigirá, como sempre.
Enquanto isto, o novo governo grego garante que a contabilidade perversa do capital não é razão suficiente para imporem-se rigores e penúria ao povo.
"Vai ser ruim para a comunidade econômica europeia e vai ser ruim para a Grécia num prazo mais longo", observa o signatário do AI-5 e milagreiro de araque Delfim Netto, ao mesmo tempo em que defende Levy, preferido por 11 entre 10 viúvas da ditadura, antigos serviçais dos milicos e cuervos que a direita troglodita criou.
Para ambos, Alexis Tsipras é um desatinado e Dilma age com sabedoria ao bancar Levy.Permito-me acrescentar que se trata daquela sabedoria sobre a qual discorreu o grande Brecht:
"Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria: manter-se afastado dos problemas do mundo e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra; seguir seu caminho sem violência, pagar o mal com o bem, não satisfazer os desejos, mas esquecê-los. Sabedoria é isso! Mas, eu não consigo agir assim".
CORINGA Ser bom vassalo o que é? Me responda quem souber.
CORO Ser bom vassalo é esquecer aquilo que a gente quer. Ser bom vassalo é morrer. Ser bom vassalo, quem quer? Me responda quem quiser.
CORINGA Só quer ser um bom vassalo, quem vive seu bom viver, quem explora e não é explorado, quem tem tudo pra perder!
Em tempos idos, os bons vassalos defendiam apenas seus privilégios. Agora a coisa piorou: até os que deveriam ser contra os privilégios estão se tornando bons vassalos, pois temem que a governabilidade seja prejudicada se entrarem em atrito com o suserano.
Uma característica, contudo, permanece imutável: ser bom vassalo é esquecer aquilo que a gente quer. Aquilo pelo que um dia lutamos. Aquilo em nome do qual companheiros estimados morreram e sofreram.