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Lusa — Edição: Kleber Sampaio
A Grécia viveu hoje um 1.º Maio singular. Pela primeira
vez, um governo saiu à rua ao lado de cidadãos para reclamar os mesmos
objetivos: acabar com as políticas de austeridade e restaurar os direitos
laborais.
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, apareceu
sorridente e sem escolta no meio da manifestação principal no centro de Atenas,
na qual participaram homens e mulheres de todas as idades. Varoufakis recusou
fazer qualquer comentário político, enquanto outros ministros se alinharam com
os desejos do povo de acabar com as políticas de austeridade e reiteram as
promessas do governo de não passar as suas "linhas vermelhas".
"As linhas vermelhas do governo são profundamente
vermelhas", assegurou o ministro do Trabalho, Panos Skurletis, numa alusão
à promessa do Governo de não desistir dos planos de restaurar os convénios
coletivos e o salário mínimo, nem de ceder às pretensões dos credores de
reduzir as pensões e os salários do setor público.
O ministro da Energia, Panayotis Lafazanis, que desfilou
com os sindicatos no princípio da manifestação, sublinhou que o governo
"não vai assinar qualquer acordo que esteja em contradição com o programa
do Syriza (o partido no governo)" e garantiu que "os credores podem
esquecer" esta hipótese.
Ao contrário do que tinha circulado nos meios
jornalísticos, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, não participou da
manifestação, mas deixou uma mensagem na sua conta do twitter. "A nossa
luta pela proteção e ampliação dos nossos direitos, pela democracia e pela vida
com dignidade vencerá", escreveu.
Na Turquia, mais de 20 mil policiais controlam o centro de
Istambul, cujas ruas estão cortadas por barreiras num raio de três quilômetros
em torno da praça Taksim, para evitar que se celebre o Dia do Trabalho.
A imprensa turca adianta que também pelo menos 30 membros
do Partido Comunista foram detidos pela polícia. Os meios locais informam que a
polícia está detendo aleatoriamente pessoas que usam máscaras de gás e que há
agentes vestidos à paisana, adianta o jornal turco Hurriyet.
Mesmo assim, os agentes lançaram esta manhã gases
lacrimogêneos contra grupos de manifestantes que tentam marchar para a praça
Taksim a partir de bairros próximos, provocando alguns feridos, diz o jornal
BirGun daily. Os agentes chegaram à praça esta madrugada e se juntaram a 70
veículos armados, informou a CNNTurk.
O gabinete do governador de Istambul assegurou que não
será permitida qualquer celebração na praça Taksim e que quem desejar celebrar
o Dia do Trabalho deve fazê-lo em qualquer uma das oito zonas da capital
expressamente habilitadas para aquele tipo de manifestações.
As celebrações do 1.º de Maio tiveram lugar na praça de
Taksim durante décadas. O local ficou carregado de significado depois do
denominado Massacre de 1.º de Maio ou Domingo Sangrento de 1977, quando 34
pessoas foram assassinadas e 120 ficaram feridas num atentado contra os
manifestantes.
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