Imagem do Facebook do Rio de Paz
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Fernanda Cruz
– Repórter da Agência Brasil
Voluntários da organização não-governamental (ONG) Rio de
Paz fizeram um ato, por volta das 8h de hoje (28), em solidariedade às famílias
das 19 pessoas assassinadas em chacina que ocorreu no último dia 13 nas cidades
de Osasco e Barueri. Os ativistas colocaram 19 sacos pretos com os nomes das
vítimas sobre a calçada em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para
chamar a atenção de quem passava pelo local. Os voluntários também se vestiram
de preto e se amordaçaram.
Esse é o segundo ato promovido pela ONG que, na semana
passada, fez manifestação semelhante, no mesmo local.
Cláudio Nishikawara, voluntário da Rio de Paz, que coordena o ato, diz que o
objetivo é alertar sobre o que acontece nas periferias e com a população pobre.
“Estamos cobrando das autoridades uma elucidação rápida. Já são duas semanas e
nós não sabemos nada sobre o que aconteceu. Nada está claro”, declarou.
Segundo ele, outros eventos serão organizados para cobrar a
elucidação dos crimes. “A intenção é chamar a atenção da sociedade paulistana,
classe média, classe média alta, sobre o que acontece na periferia, a violência
a que as pessoas são submetidas. Acreditamos que quem mais tem voz,
visibilidade para cobrar as autoridades, é a classe média”, diz ele.
A auxiliar de enfermagem Nair Diniz, 50 anos, conta que a
chacina em Barueri aconteceu na rua de sua casa. Segundo ela, a vizinhança vive
um clima de medo desde o ocorrido. “Eu não conhecia as pessoas, mas o medo
ronda. Eles avisam que é para entrar [em casa] às 22 horas. Deixam avisado para
ninguém sair, porque eles vão matar mesmo”, disse.
A estudante de jornalismo, Ana Beatriz Issler, 18 anos,
parou para tirar fotos dos sacos pretros. “É uma imagem horrível de se ver. É
pesado porque a gente não tem muitas informações sobre o que exatamente
aconteceu nessa chacina. Dá um desanimo, mas é um bom protesto”, disse.
Ontem (27), foi enterrada a última vítima do crime: a
adolescente Letícia Vieira Hillebrand da Silva, de 15 anos. Letícia estava na
calçada, com uma amiga, na Rua Suzano, em Osasco, quando foi atingida por um
tiro.
Na
última quarta-feira (26), a Justiça Militar do estado de São Paulo decretou a prisão preventiva do soldado Fabricio
Emmanuel Eleutério, suspeito de ter participado da chacina. Ele foi reconhecido
pessoalmente por um sobrevivente. O soldado nega a participação.