Segunda, 29 de agosto de 2016
André Richter – da Agência Brasil
A força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal
(MPF) que atua na Operação Lava Jato disse hoje (29) que existe “pressão
externa” para forçar a aceitação do acordo de delação do ex-presidente
da empreiteira OAS Léo Pinheiro. Em nota, os procuradores disseram que a
divulgação de supostos anexos da proposta de colaboração “aponta para a
possibilidade de ter ocorrido má-fé na negociação”
A manifestação foi motivada por reportagem da revista Veja,
publicada no dia 20 de agosto. Para os procuradores, a “falta de
credibilidade dessas posturas” confirma a decisão tomada na semana
passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de encerrar
as negociações com a empreiteira.
“Em um contexto em que a pretensa colaboração não é convincente o bastante, a criação do relato fora do contexto das negociações revela uma tentativa de forçar os investigadores a aceitar a colaboração mediante pressão externa, a despeito de uma análise apropriada do interesse público envolvido”, diz a nota.
Os investigadores também reafirmaram compromisso de celebrar somente os acordos de delação que “contribuam efetivamente” para as investigações.
“Os membros do Ministério Público reiteram
seu compromisso com a Constituição Federal, as leis, a sociedade e a
justiça. Reafirmam ainda sua intenção de analisar cuidadosamente todas
as propostas de acordo de colaboração, para celebrar somente aqueles que
contribuam efetivamente para as investigações, garantam a punição dos
culpados e maximizem o ressarcimento aos cofres públicos em face dos
crimes bilionários de corrupção que sangraram, por mais de uma década, o
Brasil”, afirmam os procuradores.
Na semana passada, a divulgação da reportagem provocou polêmica entre Rodrigo Janot e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.