Segunda, 14 de novembro de 2016
Da Tribuna da Imprensa Sindical
Hélio Fernandes
Ninguém
acreditava que um personagem tão desprezível e desprezado, pudesse chegar ao
cargo que chegou, o mais importante do mundo: Presidente dos Estados Unidos.
Nenhum elogio ou até vassalagem a esse país. Mas a constatação de que tudo o
que acontece lá repercute imediatamente em todos os Continentes. Como está
acontecendo antes mesmo da posse trágica, dramática, catastrófica.
Seria
impossível admitir que os mais famosos Institutos de Pesquisa do mundo,
errassem em massa, todos sem exceção, sabendo que arriscavam suas reputações
profissionais. E resolvessem concluir pela derrota do desonesto, retrógrado,
inaceitável e execrável Trump. Nenhum Instituto discordou da conclusão total,
que foi publicada como unanimidade: "Trump não tem a menor possibilidade
de vencer a eleição”.
Alguns
dos maiores jornais do mundo, acompanhando diariamente a campanha, publicavam
suas pesquisas, sempre com o mesmo resultado incontroverso. Trump seria
derrotado no voto popular e na soma do colégio eleitoral.
Mesmo
nas ultimas 48 horas, quando são detectadas alterações, houve modificação. E
mesmo nas pesquisas de "boca de urna", nem o menor sinal de que Trump
caminhava para a vitória". Inacreditável. A vitória de Hillary no voto
popular que termina antes, embora não tenha prevalência em matéria de resultado
definitivo, ameaçou os prognósticos.
O
assombro surgiu horas depois, quando foi anunciado o resultado do Colégio e a
conseqüente vitória de Donald Trump. Apesar de surpreendente, sufocante e
desnorteadora, a constatação: os Estados Unidos acabavam de eleger como
presidente, um personagem que merece todas as palavras que coloquei no titulo.
Poderia colocar outras, também rigorosamente verdadeiras.
A Europa
dinamita Trump.
Começa o
festival de adesismo.
Com a
única exceção do Império (?) Britânico, a UE, constatou publicamente , "os
EUA elegeram um presidente que nunca saiu do país". Depois, completando ou
complementando “Vamos perder pelo menos 2 anos para ensinar esse senhor como
funciona o mundo".
Nos EUA,
a posição de quase todos, é abjeta, mas não surpreendente. O Presidente da
Câmara, Paul Ryan, tido como dos mais influentes lideres Republicanos, na
campanha, fez discurso, afirmando textualmente: "Ele não podia ser
candidato, não é Republicano, nem tem perfil de presidente". Agora, 24
horas depois de Trump ser presidente, Paul Ryan, faz novo discurso, exaltando
Trump. E já é tido e havido como candidato aos mais importantes cargos.
E o
contraditório presidente, vem a publico mostrar como será o seu governo em matéria
de incoerência. Seu primeiro anuncio, dizia que o ex-governador do estado da
Nova Jersey, o primeiro a apoiar sua candidatura , desde o inicio, lideraria a
equipe. 48 horas depois, sem avisar ninguém, anunciou "O governo será
formado por políticos, meus filhos, sob a liderança ABSOLUTA do vice
presidente”. Como acreditar num personagem como esse?
Trump
"estuda" mudanças
Tenho
recebido dos Estados Unidos, noticias interessantes, expressivas e exclusivas.
Revelam a tentativa de colocar no centro do espetáculo, um novo Trump.
Resumindo o que pretende fazer, traduz tudo, em duas frases que tem repetido
muito. A primeira, justifica ou procura justificar, decisões que vai tomar,
assim que tomar posse:" Acredito em tudo o que prometi durante a campanha,
mas acho que o momento de cumprir, talvez não seja agora".
A
segunda: "A hora de brigar já passou, agora é o momento de
conversar". Isso se refere ao afastamento do ex-governador de Nova
Jersey, a quem define assim: "Gosto dele, mas é muito polemico e está
respondendo a investigação sobre um grande escândalo". Não sabia disso? O
próprio presidente eleito tem que depor num processo, no dia 28. Tenta
transferir para depois da posse, seria bem diferente. Por enquanto não está
conseguindo.
Preocupação
que não o abandona: os protestos de ruas que crescem cada vez mais. Não
pretende responder, como fez da primeira vez. Vai adotar como regra, se
identificar com os que protestam. Já disse: "Adoro manifestações, mesmo
que sejam contra mim". Vai insistir nisso.
Considera
uma enorme vitória, o fato de não "ter mais adversários nos EUA".
Pelo menos define assim, o fato de ter sido recebido na Casa Branca, pelo
próprio Obama, 1 dia depois da vitória. E o discurso de Hillary, altamente
elogioso, vindo de quem travou debates, reconhece, "de pura
baixaria".
Trump se
aproveitou de um equivoco histórico. Tanto de Obama quanto de Hillary, que não
podiam agir como agiram. Depois da derrota da eleição, a sujeição do encontro,
ainda amargado e amargurado. Alegaram 'tradição democrática "dos Estados
Unidos". E os presidentes (até mesmo estadistas), assassinados por
divergência.
Trump
considera vitória pessoal, a pacificação do Partido Republicano. Quem não
acreditava nisso? Amanhã, mais noticias sobre Trump e o mundo. Temos que tratar
do Brasil. E dos ingênuos que acreditam que Trump pode ajudar o país.
Vitoria
do Supremo, mesmo por 6 a 4. Em fevereiro, o mais alto tribunal do país, depois
de uma tremenda "guerra civil", destruiu um dos maiores privilégios
dos ricos e poderosos. Eles podiam ir acumulando condenações, mas continuavam
recorrendo infinitamente, sempre em liberdade.
Por
definição, o sistema judiciário tem duas instancias, lógico, a primeira e a
segunda. Mas na pratica chega a 80 ou 90, até mais. Pois dentro de cada
instancia, advogados habilidosos e espertalhões, vão acumulando recursos,
ganhando tempo, caminhando no sentido da prescrição.
Conheço
vários casos, em que advogados especialistas em crimes de "colarinho
branco", entraram com 45 recursos, sem esgotar a primeira instancia.
Quando depois de anos e anos, passavam para a segunda instância, continuavam o
mesmo trajeto protelatório, sem que o cliente jamais perdesse a liberdade.
Juízes
que honram a magistratura, protestavam contra a prática criminosa. Mas não
conseguiam nada, faziam o máximo, tentavam de todas as maneiras interromper
essa trajetória vergonhosa.
Até que
em fevereiro, o Supremo, conhecendo muito bem os problemas que enfrentaria,
colocou em pauta a questão. Condenado em segunda instancia, o réu seria
imediatamente preso, embora pudesse continuar se defendendo.
Por 6 a
5, a melhor maioria que as boas causas conseguem conquistar nesse Supremo, a
questão foi modificada, passou a valer a prisão imediata. Mas não era uma vitória
definitiva. , pelo contrario. Entraram em cena caros e famosos causídicos, com
grandes patrocinadores, que esbanjaram dinheiro.
Eram os
lideres das empreiteiras roubalheiras. Já condenados em primeira instancia,
entravam em pânico incontrolável, só em "pensar", que já condenados
uma vez, podem ser condenados uma segunda. E presos imediatamente, O que
vai acontecer, inapelável e impreterivelmente, não demora muito.
O
resultado agora foi de 6 a 4. Nenhuma mudança de voto. É que o ministro Gilmar
Mendes, que votou e votaria contra a prisão imediata, está nos EUA. "Estuda" as relações e
comparações do sistema eleitoral brasileiro e americano.
PS- Como
é publico e notório, Michel Temer é testemunha de defesa de Eduardo Cunha. O
que ninguém sabe, nem ele mesmo, é o que dizer. Poderia repetir Dona Dilma, que
respondeu numa linha: "Não tenho menor conhecimento sobre o
processo".
PS2-
Evidentemente as circunstancias eram outras. Tem que defender com a maior
ênfase o amigo intimíssimo, e o parceiro político a quem deve tudo. Sem ele
ainda seria vice. E mais grave: decorativo.
PS3- E o
próprio Cunha confirmou isso na noite em que foi cassado: "Se eu não fosse
presidente da Câmara, não teria havido impeachment na Câmara e confirmado no
Senado".
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PS4- Sem
saber o que fazer, nas circunstancias, Temer recorreu a Moreira Franco, como já
fez em outras oportunidades. O ex-governador redige muito bem. Mas tem que
apresentar um texto que não comprometa Temer. E satisfaça Eduardo cunha.