Quinta, 20 de abril de 2017
Da Tribuna da Internet

Reprodução do site da Pastoral da Juventude
Pedro do Coutto
Em correspondência enviada ao presidente Michel Temer, na qual
informa que sua agenda não permite que venha ao Brasil, o Papa Francisco
afirma que a crise que nosso país enfrenta não é de fácil solução. No
mesmo documento, destacou que os mais pobres são aqueles que costumam
pagar o preço mais amargo. A carta, objeto de matérias publicadas em O
Globo e na Folha de São Paulo de quarta-feira, foi divulgada no site do
jornalista Gerson Camarotti, que entrevistou o Pontífice na última vez
que esteve no país. Na Folha de São Paulo, a matéria é assinada por Ana
Virgínia Baloucier, em O Globo saiu sem assinatura.
O episódio tem uma importância política muito grande, lendo-se com
atenção o texto papal. Diz ele: “Sei bem que a crise que o país enfrenta
não é de simples solução, uma vez que tem raízes sociais, políticas e
econômicas e não corresponde à Igreja nem ao Papa dar uma receita
concreta para resolver algo tão complexo.
PREÇO MAIS AMARGO – Ao abordar a situação social
brasileira, acentuou: “Não posso, porém, deixar de pensar em tantas
pessoas, sobretudo os mais pobres, que muitas vezes se vêm completamente
abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e
dilacerante de algumas soluções superficiais para crises que vão muito
além da esfera meramente financeira”.
O convite pra que visitasse o Brasil foi formulado no ano passado
pelo presidente Michel Temer, para que o Papa Francisco participasse das
comemorações dos 300 anos do encontro da imagem de N. S. Aparecida.
Também na carta-RESPOSTA, o líder católico afirmou que inclui sempre o
Brasil de modo especial em suas orações. Acentuou esperar que a Santa
continue a proteger o Brasil e o povo brasileiro.
FORTE ANÁLISE – Pode-se observar nas palavras papais
uma certa dose de forte análise do panorama em que se encontra nosso
país. E também uma restrição à política na qual o Palácio do Planalto
busca uma solução, atingindo os mais pobres. Como é o caso do projeto de
reforma da Previdência. O quadro assim definido dá margem também a que
se observe com atenção o momento em que o Vaticano liberou a resposta de
Francisco, em meio aos depoimentos em série dos delatores na Operação
Lava-Jato.
Em março – destaca a Folha de São Paulo – a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil criticou a reforma da Previdência condenando a
instituição de qualquer ameaça aos direitos sociais. Agora a CNBB revela
que fazemos nossas as palavras do Papa.
Como se vê a posição do Vaticano agora ressaltada pela CNBB tem endereço certo.