sábado, 29 de junho de 2024

FISCALIZAÇÃO —Deputados encontram superlotação, falta de insumos básicos e déficit de pessoal no Hospital Regional de Ceilândia. Caos, né?

Sábado, 29 de junho de 2024

Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foi alvo de uma fiscalização de deputados distritais nesta quinta-feira (27) - Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Segundo vistoria, há pacientes em corredores, sem possibilidade de organização e escala de dimensionamento dos servidore

Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | | 28 de junho de 2024

As dependências do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) —no Distrito Federal— foi alvo de uma fiscalização de deputados distritais nesta quinta-feira (27). Na ocasião, os parlamentares verificaram que há uma superlotação da unidade de saúde, que opera em bandeira vermelha na clínica médica e na pediatria. Também foram encontrado pacientes em corredores, sem a possibilidade uma organização e escala de dimensionamento dos servidores.

A fiscalização foi realizada após o canal da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CAS/CLDF) receber uma denúncia. Durante a visita, realizada pela deputada Dayse Amarilio (PSB) e o deputado Max Maciel (PSOL), ainda foram encontrados 36 pacientes a mais na emergência, o que é encarado como "um dia tranquilo" pelas equipes do hospital.

A deputada Dayse Amarilio, afirmou que as fiscalizações têm sido realizadas com o intuito de averiguar as condições das unidades de saúde, a situação dos profissionais e propor alternativas para o caos que os usuários e trabalhadores da saúde pública do DF vêm enfrentando.

Problemas encontrados

Um ponto que chamou atenção foi o dimensionamento do pessoal do hospital regional. Segundo os parlamentares, foi constatado que todas as categorias apresentam déficit e as escalas só estão conseguindo ser fechadas através do Trabalho por Período Determinado (TPD).

Na ocasião, também foi denunciado que a previsão é que 37 pacientes percam seus exames, entre os dias 24 e 28 de julho por falta de transporte. Durante a visita, havia apenas cinco ambulâncias rodando, que, além do HRC, precisam atender a região fazendo transporte intra-hospitalar de pacientes de hemodiálise que estão em atendimento domiciliar e são judicializados.

Além da falta de veículos em quantidade adequada para suprir a demanda de atendimentos, ainda há um déficit de aproximadamente 110 motoristas para realizar o transporte de pacientes.

Durante a fiscalização, também foi constatada a falta de insumos básicos como seringas de 20 ml, soro fisiológico de 250 ml e estoque reduzido de luvas que vieram do Hospital de Brazlândia. Além disso, também falta medicamentos para o controle de dor dos pacientes, como tramal, morfina e outros.

Os parlamentares ainda encontraram equipamentos depredados, como macas quebradas, amarradas com ataduras e equipamentos sustentados por caixas, equipamentos quebrados e amontoados em corredores e paredes com rachaduras e mofo.

Mesmo com a situação, os distritais foram informados que há um recurso no valor de R$12 milhões para a reforma do Pronto Socorro da unidade. O recurso estaria em uma conta da Caixa Econômica Federal (CEF) aguardando a autorização da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap).

O que diz a Secretaria de Saúde?

Em relação aos problemas encontrados pelos deputados, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou, em nota, que no dia 27 de maio, foi autorizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) a contratação de 492 profissionais da saúde para rede pública, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para reforçar o atendimento.

A pasta ainda aponta que, em 2023, foram chamados 741 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde, totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos, sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde.

"Ao longo da gestão, houve a construção e revitalização de unidades de saúde; desenvolvimento de estratégias para otimização dos processos e fluxos de trabalho", mostra a nota.

Sobre transporte, a SES-DF diz que, nos próximos meses, receberá 62 novas ambulâncias, no valor de R$ 17. 888. 530 milhões, sendo algumas já entregues nos próximos dias. "Dessa forma, a SES-DF assegura que a quantidade de viaturas está dentro dos padrões adequados para atender às demandas da saúde pública no Distrito Federal", informa.

A pasta ainda destaca que, para mitigar situações de falta de insumos e medicamentos no abastecimento da rede, existe uma Diretoria de Programação (Dipro), que utiliza dos recursos de planejamento de demanda intrínsecos à aquisição de medicamentos e insumos para a saúde.

Saúde mental

Na fiscalização desta quinta-feira, os deputados também apontaram que uma das questões que dificulta o giro de leito, isto é, a vaga para que outros hospitais adentrem no serviço, é a questão dos pacientes psiquiátricos. O hospital chega a ficar com esses pacientes por até 15 dias, quando esses pacientes deveriam ser direcionados para hospitais de referência nesse tipo de atendimento, como o Hospital de Base e o São Vicente, ou até mesmo para um atendimento ambulatorial num centro de Assistência Psicossocial (CAPS).

Em nota, o Secretária de Saúde informou que trabalha na elaboração de um plano para a ampliação dos leitos clínicos em saúde mental e redução dos leitos psiquiátricos para o cumprimento das legislações nacional e distrital.

Segundo a pasta, foi criado um grupo de trabalho para debater acerca da desmobilização de leitos psiquiátricos em hospitais especializados no DF. "O grupo discute, entre outros temas, a reorganização do atendimento de urgência e emergência, o papel da Atenção Primária, a ampliação e fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a revisão dos fluxos de atendimento e processos de trabalho para o fortalecimento do atendimento descentralizado em Saúde Mental, ampliando a rede", mostra nota.


Edição: Márcia Silva