segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Educação —Professores têm papel essencial no combate ao racismo desde a primeira infância, afirma especialista do Unicef

Segunda, 13 de outubro de 2025

Fundo da ONU oferece formações e materiais gratuitos para profissionais da educação sobre práticas antirracistas


Brasil de Fato — São Paulo (SP)
13.out.2025

O combate ao racismo começa ainda na creche. É o que defende Maíra Souza, especialista em primeira infância do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ao explicar a iniciativa Primeira Infância Antirracista (PIA), que oferece formações e materiais gratuitos para professores e outros profissionais. A estratégia busca orientar quem convive com crianças pequenas sobre os impactos do racismo em sua autoestima e identidade.

“É justamente na primeira infância que a criança começa a entender e vivenciar as relações étnico-raciais”, afirma Souza. “É nessa fase, na creche e na pré-escola, que ela tem o primeiro contato com o racismo recreativo, disfarçado de brincadeiras, e vivencia exclusões e microagressões no convívio escolar”, complementa. Segundo ela, cabe aos educadores desenvolver práticas que valorizem as culturas afro-brasileira e quilombola e que enfrentem o racismo desde cedo.

 

O PIA também oferece formações presenciais e, em breve, cursos a distância para os mais de 2,2 mil municípios participantes do Selo Unicef, iniciativa que reconhece prefeituras que avançam na garantia dos direitos de crianças e adolescentes. “Nosso país tem pouquíssimo letramento racial. O PIA oferece repertório e ferramentas para lidar com esse tipo de situação”, explica.

As formações abordam temas como branquitude, racismo estrutural e institucional, e discutem formas de aplicar práticas antirracistas no cotidiano escolar, inclusive por meio da Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas. 

Para Maíra Souza, uma educação antirracista desde a infância é essencial para fortalecer a autoestima e a autoconfiança das crianças. “Sem autoestima, não temos força; e sem força, não temos nada”, resume. A especialista também reforça a importância de o professor se posicionar diante de situações racistas em sala de aula. “A criança aprende pelo exemplo. O professor precisa se posicionar e não naturalizar essas violências”, diz.


Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.