Quarta, 20 de outubro de 2010
Por Ivan de Carvalho

Não havia ferimento aparente, mas o médico Jacob Kligerman, por precaução, determinou uma tomografia, que não revelou anormalidades. O médico recomendou repouso por 24 horas, o que levou o candidato a cancelar o restante da agenda do dia, incluindo um evento que seria realizado ontem à tarde no estádio do Maracanã.
Bem, na minha opinião, este é o principal fato de ontem na política brasileira, por mostrar a que tipo de ação está disposta a militância de pelo menos um dos principais partidos – exatamente a do partido que detém o Poder Executivo federal e a maioria do Congresso Nacional e se propõe a continuar nesta situação.
Certamente exagerando, pelo menos por enquanto, mas sem expressar um despropósito, o candidato, naquele momento que se seguiu à agressão continuada de que estava sendo alvo (o noticiário está à disposição do leitor em toda a mídia), o candidato da oposição fez uma afirmação que deve dar o que pensar à sociedade brasileira: “O PT tem tropa de choque. Não sei se foi previsto ou não, mas eles fazem no piloto automático. Lembra a tropa dos nazistas? É típico de movimentos fascistas”.
Se fosse um caso isolado, único, solitário, não haveria provavelmente razão para a sociedade pensar muito a respeito. Mas não é bem assim que acontece. Estão aí outros movimentos que partem com muita naturalidade para a violência, que visa a dominar, a submeter pela intimidação e, se necessário, pela força mesma.
O MST é no país (apesar de estar tão quieto e bem comportado nesse período eleitoral para não atrapalhar a candidatura petista à presidência da República) o exemplo maior do uso da violência para atingir objetivos que a lei desautoriza. Todas as pessoas que têm um mínimo de informação política não seriam inteligentes se vissem no MST qualquer outra coisa que não um movimento revolucionário – fundado na força e na rejeição à Constituição e a todo o sistema jurídico nacional – em desenvolvimento gradual.
Por enquanto tem-se visto que o MST usa instrumentos de trabalho (foices, enxadas, machados, ancinhos, facões, como armas, para intimidar ou até mais, não se podendo omitir, no entanto, que espingardas de caça integram o arsenal exibido, no qual não aparecem ocultos revólveres, raros, por enquanto). Momento chegará em que, se tiver como, o MST trocará a espingarda pelo fuzil e a foice, não pelo martelo, mas pela metralhadora. Ah, não temo ser processado pelo MST ao falar desse eventual futuro sombrio, pois o MST, espertamente, não tem personalidade jurídica. Para fugir à ação da Justiça.
Ora, ninguém ignora a simbiose existente entre o PT e o MST, como ninguém razoávelmente atento aos “movimentos sociais” pode ignorar os filhotes que o MST vem regularmente parindo, a exemplo do outro MST, o Movimento dos Sem Teto, para eventualmente ajudá-lo na tarefa revolucionária a que se propõe.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.