quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A eleição em Salvador

Quinta, 4 de outubro de 2012
Por Ivan de Carvalho
A situação eleitoral em Salvador sofreu um processo radical de mudança a partir do momento em que o candidato do PT a prefeito, deputado Nelson Pelegrino, atingiu em duas pesquisas eleitorais importantes os índices de intenção de voto de 16 e de 18 por cento, respectivamente.

            A partir do momento em que chegou a esse patamar, a campanha da coligação que sustenta a candidatura do petista – na quarta vez que ele tenta chegar à prefeitura da capital baiana – ganhou estímulos e auxílios de várias naturezas e finalmente fez o que até aí se revelara extremamente difícil – decolou.
        
       E a pesquisa importante seguinte, sempre na modalidade de respostas estimuladas, atribuiu ao petista 27 por cento das intenções de voto, um salto de 11 pontos percentuais se considerados os 16 por cento já citados. Até aí, no entanto, o principal candidato de oposição, o democrata ACM Neto, mantinha-se firme no seu patamar de 40 por cento de intenções de voto (quando Pelegrino obteve 27, Neto oscilou de 40 para 39, o que, em princípio, não é relevante, dada a relativa imprecisão declarada sempre pelos próprios institutos de pesquisa).
          
         Mas a pesquisa importante seguinte, do Ibope, mudou a configuração. ACM Neto desceu de seu patamar e ficou com 31 por cento, enquanto Pelegrino o ultrapassou, alcançando os 34 por cento. Ontem, dizia-se que pesquisas em curso já mostravam uma vantagem maior para Pelegrino. Analistas, a exemplo do cientista político Paulo Fábio Dantas, sugerem que ACM Neto cometeu um erro estratégico ao “despolitizar” a campanha. O candidato democrata é oposição e dispunha de material farto para politizá-la, inclusive – mas não só, é óbvio – o julgamento do Mensalão em curso no Supremo Tribunal Federal, circunstância que aflige gravemente o PT. Curiosamente, o PT é que politizou a sua campanha, com ganhos evidentes graças a isso.

O Ibope, sob encomenda da TV Bahia, só divulgará nova pesquisa – que começou a ser feita segunda-feira e prossegue ouvindo eleitores – no sábado à noite, véspera da eleição em primeiro turno. No domingo, fará e divulgará uma pesquisa de boca de urna, que ouvirá 4 mil eleitores e, salvo erro crasso, indicará com bastante precisão o resultado a ser extraído das urnas. Como parecem estar agora as coisas, há tendência forte de que haja segundo turno, mas já não existe certeza. Hoje é o último dia de campanha eleitoral na televisão e rádio, mas não há vedação legal à propaganda governamental, que tem sido intensa e cuja simultaneidade com a proximidade das eleições pode ser mera coincidência. Caetano Veloso acrescentaria um “ou não”, mas ele é ele e eu sou eu.

SÃO PAULO – O processo eleitoral para a prefeitura de São Paulo, a maior cidade brasileira e quinto maior orçamento do país, caminha para um desfecho eletrizante no domingo. O líder das pesquisas, Celso Russomano, candidato do PRB (com a indissolúvel solidariedade da Igreja Universal do Reino de Deus e da Rede Record), vem caindo dos 35 por cento que foi seu pico e, em pesquisa Datafolha finalizada e divulgada ontem, já descera para 25 por cento das intenções de voto. Tecnicamente empatado com ele, José Serra, do PSDB, subiu um ponto e está com 23 por cento. Em terceiro lugar, embora tecnicamente empatado com Serra, está o candidato do PT, Fernando Haddad, lançado pelo ex-presidente Lula – subiu também um ponto e está com 19 por cento. Por enquanto, quem mais tem tomado votos de Russomano é Gabriel Chalita, do PMDB, recentemente em ascensão contínua, embora lenta: agora subiu mais dois pontos e está com 11 por cento.

            A grande questão a ser resolvida pelos eleitores até domingo: quais os dois candidatos – entre Russomano, Serra e Haddad – que vão para o segundo turno.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.