sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Revista Época: O diretor da Petrobras que libera dinheiro público para amigos


Sexta, 2 de novembro de 2012 
O gerente de patrocínios da Petrobras tem apelido de bicho bravo. Mas é generoso: liberou R$ 600 mil de verba pública para a ONG de amigas

Por MURILO RAMOS

 
Répteis, com o couro grosso e o sangue frio, os jacarés estão entre os mais eficientes predadores do mundo. Por causa dessa característica, são raros os casos de pessoas que procuram se aproximar desses animais. Os poucos que correm esse risco podem até se dar bem – desde que o jacaré em questão não seja exatamente o bicho, mas um servidor público bem colocado na máquina federal. José Samuel Magalhães, gerente de comunicação da Petrobras para as regiões Centro-Oeste, Norte e Minas Gerais, tem tal credencial. Carrega o apelido de Jacaré desde a década de 1970, quando era petroleiro e membro do sindicato da categoria no interior de São Paulo. Hoje, trabalha no andar mais alto do edifício da estatal, em Brasília. A partir de sua sala ampla, avista ministérios, a catedral e o Museu da República. Decide o destino de uma parte dos milhões de reais que a Petrobras gasta em patrocínios culturais. São R$ 22 milhões sob seu controle neste ano.

Ao contrário do que seu apelido poderia sugerir, Jacaré tem muitos amigos – e o hábito de agraciá-los com as verbas públicas sob sua administração. Rangéria Amorim e Daniela Gonçalves, sócias do Instituto Zabilin de Arte e Cultura, uma ONG que funciona em Brasília, estão entre os privilegiados que receberam uma verba da Petrobras graças ao amigo Jacaré. Desde 2007, o Zabilin de Rangéria e Daniela recebeu cerca de R$ 600 mil da Petrobras, por meio de cinco patrocínios aprovados por Jacaré. A relação de amizade entre ele e as dirigentes do Zabilin está estampada em redes sociais. Jacaré e suas amigas aparecem em almoço regado a vinho, dentro e fora de um avião e até mesmo num aprazível piquenique.