Quarta, 3 de
setembro de 2014
Elaine
Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
As manifestações que ocorreram com grande intensidade no ano
passado e início deste ano em todo o país serão lembradas este ano no 20º Grito
dos Excluídos, evento que ocorre em todo feriado de 7 de Setembro e é
organizado por movimentos sociais e pelas pastorais católicas. Este ano, o lema
do Grito dos Excluídos é "Ocupar ruas e praças por liberdades e
direitos".
Segundo dom Pedro Luiz Stringhini, bispo da Diocese de Mogi
das Cruzes (SP), o lema deste ano lembra os protestos ocorridos em 2013.
"Esses atos trouxeram de volta a importância de o povo se manifestar. Elas
foram prejudicadas por grupos violentos que entraram para atrapalhar, mas isso
não significa que o povo não deve se manifestar. E ele deve se manifestar nas
ruas, nas eleições e, sobretudo, no dia a dia, nas associações de bairro, por
exemplo, que é também a forma mais difícil porque exige mais perseverança”.
Na capital paulista, o ato terá início às 9h com uma missa
que será celebrada na Catedral da Sé, seguida por uma caminhada até o Parque da
Independência, no Ipiranga. Segundo Rosilene Wansetto, da Coordenação Nacional
do Grito dos Excluídos, o evento é celebrado em mais de mil cidades de todo o
país.
“Temos que ocupar os espaços, as praças e, principalmente,
as ruas. A rua é o lugar onde o povo deve estar e que nunca poderia ter deixado
após as manifestações de junho”, falou Débora Maria da Silva, coordenadora do
Movimento Mães de Maio.
De acordo com Rosilene, o grito pretende estimular a volta
das pessoas às ruas, apesar de várias cidades terem reprimido as manifestações.
“A repressão e a violência por parte do Estado nos fazem recuar e foi o que
ocorreu durante a Copa do Mundo. Muita gente foi presa e sofreu com a repressão
policial. Mas a rua é nossa, a rua é do povo. É onde fazemos política”, disse.
Para ela, as grandes mudanças no país são feitas não pelo
voto, mas pelas ruas. “O voto acaba sendo uma ferramenta importante, mas a
mudança realmente acontece nas ruas, do grito que está nas ruas”, ressaltou.
Paralelamente ao Grito dos Excluídos será realizada a 27ª
Romaria dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, que tem como lema "Mãe
negra Aparecida, padroeira deste chão, o povo trabalhador não aceita
escravidão", que é promovida pela Pastoral Operária, com o apoio do
Serviço Pastoral do Migrante. O evento terá início às 7h, com uma caminhada que
sairá do Porto Itaguaçu, em Aparecida (SP), com destino ao Santuário de Aparecida.